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Prédio antigo do Meireles tem risco médio de desabamento; parte dos moradores defende demolição
Farol

Prédio antigo do Meireles tem risco médio de desabamento; parte dos moradores defende demolição

Moradores defendem que a demolição dos blocos é mais benéfica financeiramente do que pagar por extensas obras de recuperação
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CONDOMÍNIO é alvo de impasse entre construtora e condôminos dissidentes (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA CONDOMÍNIO é alvo de impasse entre construtora e condôminos dissidentes

O condomínio Ângela e Kátia, localizado no bairro Meireles, tem risco de desabamento em grau médio, conforme a Defesa Civil de Fortaleza. Foram identificadas ferragens expostas, infiltrações e afundamento do piso externo. O prédio, construído há mais de 50 anos, é alvo de impasse judicial entre uma construtora e uma moradora.

A empresa Reata Arquitetura & Engenharia oferece uma permuta para os condôminos. A proposta, aceita pela maioria, consiste na troca da propriedade das unidades atuais por apartamentos no novo empreendimento que será construído no local. No entanto, duas unidades não aceitaram as condições, o que impossibilita o início das obras.

De acordo com a Defesa Civil, o órgão realizou duas vistorias no local, em janeiro de 2023 e dezembro de 2024. 

“Os relatórios técnicos foram elaborados e entregues ao responsável, juntamente com a notificação, solicitando as providências necessárias para a eliminação dos riscos identificados”, disse o órgão por meio de nota.

Os moradores que desejam realizar a permuta defendem que a demolição dos blocos é mais benéfica financeiramente do que pagar por extensas obras de recuperação da estrutura. Eles reclamam de encanação velha e entupida, quadros de energia ultrapassados e da falta de elevadores.

“Um prédio construído há 50 anos foi feito sem os cuidados que hoje nós temos na construção”, diz a moradora Heloísa Diogo Ribeiro, 75. Segundo ela, o local não tem eletrodutos (cabos para proteção de fiação elétrica subterrânea), a encanação é feita de ferro e a instalação do gás de cozinha ainda é dentro dos apartamentos.

Pedro Guillermo, 50, passou a morar no prédio com a família quando o apartamento ficou vago, já que a mãe, proprietária do imóvel, não podia mais subir as escadas devido à mobilidade reduzida. A família também não disponibilizava a unidade para aluguel pelos problemas estruturais.

“Meu filho mais velho não enxerga de um dos olhos. A função motora dele é bem complicada. Para subir e descer a escada é um tormento. Minha mãe também não podia mais me visitar”, explica o morador.

Por isso, a proposta de trocar o apartamento por uma unidade mais nova e com elevadores foi atrativa. Além disso, ele menciona a valorização do preço do imóvel como um benefício, já que é a herança de quatro irmãos. “Não tinha mais condições de morar lá. Aceitei a permuta, para a gente seria um ótimo negócio”, diz.

“A idade de vários moradores, inclusive a minha, 75 anos, para subir e descer dois lances de escada, com compras… tudo isso foi dificultando”, afirma também Heloísa. A permuta com a construtora, para a idosa, representa uma chance de ter uma “velhice digna, com segurança”.

O argumento é o mesmo descrito por Nagela Fernandes, 70. A aposentada procura, por meio da permuta, um conforto que o pai, proprietário original do apartamento, não teve.

“Ele estava acamado. Nos últimos cinco anos de vida, mais de uma vez por ano era hospitalizado. Uma das coisas que mais doía pra mim e pra minha irmã era quando ele precisava ser transportado na maca pelas escadas. Era muito constrangimento e sofrimento”, relembra.

“Quando eu vi que a Reata tinha esse projeto com dois elevadores e um deles de tamanho além do convencional, ele iria comportar uma maca. Era a resposta das nossas ansiedades”, afirma. O processo de permuta começou quando o pai ainda era vivo, o que fez Nagela considerar a proposta ainda mais.

Os moradores que aceitaram a permuta afirmam que estão satisfeitos com o contrato. “Aconteceram várias reuniões. Não foi de imediato que se aceitou, não, justamente pela insegurança que as pessoas têm. O que foi apresentado foi um projeto que satisfaz em tudo a gente”, conta Heloísa.

A maioria dos proprietários já entregou as chaves das unidades para a construtora e estão morando em apartamentos alugados, pagos com um valor fixo de R$ 2.500 disponibilizado pela empresa. Eles aguardam o desfecho judicial do caso para finalizar o processo de permuta.

acordo

Areti Balidas, filha de uma das proprietárias que não aceitou o acordo, disse em matéria do O POVO de 12/4/25 que a família estaria sendo coagida

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