Cerca de 250 mil pessoas prestaram homenagens diante do féretro do papa Francisco durante os três dias de velório na basílica de São Pedro, que chegou ao fim no Vaticano nesta sexta-feira, 25, na véspera do funeral.
O caixão do primeiro papa latino-americano foi fechado em uma cerimônia privada liderada pelo cardeal camerlengo Kevin Farrell. Ele cobriu seu rosto com um véu de seda branca, borrifou água benta e depositou uma bolsa com moedas e medalhas cunhadas durante seu pontificado.
Leu ainda o Rogito, uma espécie de obituário oficial que também é depositado no caixão dentro de um tubo metálico. "Foi um pastor simples e muito amado", diz o de Francisco.
Seu rosto nunca mais será visto. Os últimos que o viram foram os 250 mil fiéis que compareceram a São Pedro entre quarta e sexta-feira, em jornadas que chegaram a se prolongar até o início da madrugada.
"Ele iria querer nos ver assim, alegres", disse à AFP Mónica Penagos, uma colombiana de 61 anos que vive na Itália há 25. "A verdade é que eu chorei muito por ele, era meu velhinho lindo, era nosso papa, o papa dos imigrantes."
Mais de 50 chefes de Estado eleitos e 10 monarcas em exercício são programados para comparecer à missa fúnebre, a ser realizada na Praça de São Pedro, hoje, a partir das 10h (5h de Brasília).
Entre os participantes confirmados estavam os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Javier Milei e Donald Trump, que chegou a Roma nesta sexta-feira à noite, em sua primeira viagem ao exterior desde que voltou ao poder.
Entre os presentes também figura o presidente da França, Emmanuel Macron, que visitou a capela-ardente do papa. Lula, a primeira-dama, Janja, e outros nomes da delegação brasileira também visitaram a capela para ver o corpo do pontífice.
As delegações oficiais ocuparão o lado direito, voltado para a basílica. Na primeira fila estarão os presidentes da Argentina - terra natal de Bergoglio - e da Itália, Sergio Mattarella. Em seguida, estarão os monarcas, como o rei espanhol Felipe VI, e os demais presidentes, em ordem alfabética em francês.
As autoridades estimam que dezenas de milhares de pessoas acompanharão a cerimônia por meio dos telões colocados nas proximidades de São Pedro e, depois, o percurso do féretro.
O enterro de Francisco também acontece no sábado, na basílica de Santa Maria Maior de Roma, o primeiro de um pontífice fora do Vaticano desde Leão XIII, em 1903. Após a missa no Vaticano, o cortejo fúnebre percorre as ruas de Roma, passando por monumentos como o Coliseu.
O túmulo do papa reflete a imagem de simplicidade que pregou em seus 12 anos de pontificado: será de mármore e terá apenas uma palavra, "Franciscus", seu nome em latim. Uma reprodução da cruz peitoral utilizada por ele acompanhará o conjunto.
As autoridades italianas determinaram uma zona de exclusão aérea sobre Roma e mobilizaram unidades antidrone com sistemas de inibição de sinais para evitar qualquer atividade suspeita.
Aviões de combate estão em alerta para intervir, enquanto helicópteros policiais sobrevoam o centro histórico e franco-atiradores foram posicionados nos telhados da Via della Conciliazione, que leva à Praça de São Pedro, e na colina próxima de Gianicolo.
O papa que veio "do fim do mundo" liderou a Igreja Católica a partir de 2013 com um pontificado reformista que lhe rendeu críticas da ala mais conservadora.
O Vaticano ainda não anunciou a data para o início do conclave que escolherá o novo líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos no mundo.
O conclave deve acontecer na emblemática Capela Sistina em um prazo de entre 15 e 20 dias a partir da morte do pontífice, ou antes, caso os cardeais decidam dessa maneira. Mais de dois terços dos 135 cardeais que poderão votar foram nomeados pelo falecido papa.