Passados seis anos da morte de uma mulher corajosa que lutava pelos direitos humanos do povo pobre do Rio de Janeiro, após tantas obstruções nas investigações, chega-se aos mandantes. Marielle Franco desafiava os Grandes não apenas em palavras orais, mas registrava por escrito, inclusive, em sua dissertação de Mestrado.
No final das contas, o relatório da PF foi divulgado após a prisão dos mandantes: três homens que deveriam proteger a população e zelar pela segurança pública. Um ponto central do relatório traz o olhar para a questão fundiária, a desigualdade na distribuição de terras, o poderio de quem se constitui “dono”. É... Marielle Franco, mulher, negra, corajosa, se organizava nos movimentos sociais e tinha voz em meio a
multidões do RJ, enfrentando o machismo, o racismo e muitos outros “ismos”, além da homofobia. Assim, atravessou o caminho “deles”, os detentores de poder público e armamentista. Será que realmente findou tudo? Será um caso a ser considerado isolado?
Tomando o contexto social e religioso deste domingo de ramos com o desfecho do “Caso Marielle”, várias refl exões despontam: Jesus, o Cristo, também lutava por igualdade e fazia seus “movimentos sociais”. E Jesus foi assassinado cruelmente. Os “bandidos” transformaram o fato em evento sagrado e o objeto - a cruz, na qual o inocente aguerrido foi pregado depois de ser torturado, tornou-se um símbolo de
salvação e não de tortura e morte.
A impunidade e crueldade no caso Marielle Franco e outros poderiam tornar as armas de fogo um “símbolo” como a “cruz” de Jesus? Talvez. E não tardaria, se as urnas não derrubassem os falsos messias e os discursos do tal “poder público” que mata ou defende torturadores. Há que se descobrir ainda quem mandou matar outros Josés, Marias e Yeshuas quilombolas, indígenas e os de favelas. Tais povos são herdeiros do território brasileiro e também têm direito à vida, à saúde, à educação e boa moradia!
Urge empatia, equidade e justiça!