Logo O POVO+
Oswald Barroso - Adeus, amigo
Opinião

Oswald Barroso - Adeus, amigo

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Rosemberg Cariry, cineasta e escritor (Foto: Deísa Garcêz/Especial para O POVO)
Foto: Deísa Garcêz/Especial para O POVO Rosemberg Cariry, cineasta e escritor

A perda de um grande amigo sempre nos pega de surpresa e nos desestabiliza. Afinal, nunca estamos, de fato, prontos para encarar tal notícia, o que justifica o imenso impacto que senti ao saber do falecimento de Oswald Barroso - amigo querido e compadre (sou padrinho de Raoni, além de amigo de Pedro e João Victor). Só encontramos algum consolo quando nos lembramos de Deus e, em oração, pedimos que Ele o acolha em paz, após uma vida de tantos desafios e criações tão generosas. Nesse momento, lembramo-nos do valioso e generoso legado cultural e artístico que o amigo nos deixa. Esse tesouro, pessoal e coletivo, certamente inspirará a perpetuação de sua obra, essencialmente cearense e brasileira, marcada por uma generosidade transformadora e uma visão utópica e humana universal.

A ausência de Oswald Barroso será intensamente sentida, não somente por sua criatividade vibrante e a excelência de seus trabalhos em poesia e prosa, cinema, teatro, jornalismo e história, mas também por suas profundas pesquisas sobre as culturas populares e ensaios acadêmicos de reconhecimento nacional. Oswald Barroso é um dos construtores da identidade cearense. Foi um artista versátil e gestor cultural, pertencente a uma época em que a arte se entrelaçava indissoluvelmente à reflexão e à ação política, numa vida em que arte e existência se confundiam em um exercício pleno de sensibilidade e consciência. Com ele, militei em partidos políticos de esquerda e lutamos pela redemocratização do país e por mais justiça social. Participamos de movimentos culturais como o Nação Cariri e Siriará. Juntos, editamos jornais e revistas, organizamos caravanas e eventos culturais, promovemos os mestres e guardiões das culturas populares.

Hoje, ao lado de familiares e de centenas de amigos que Oswald deixou, compartilho o profundo sentimento de perda. Seu legado cultural, artístico e de humanidade deverá inspirar futuras gerações e ser honrado pelo Ceará, que deve eternizar sua memória em ruas, praças, centros culturais e escolas. Apesar da tristeza, é também um momento para reafirmar: "À luta, companheiro". Sua memória e ensinamentos devem continuar vivos. Oswald Barroso, sempre presente! n

O que você achou desse conteúdo?