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Revolver Ignez Fiuza
Opinião

Revolver Ignez Fiuza

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Elizabeth Fiuza Aragão. Socióloga e filha de Ignez Fiuza. (Foto: Renata Vale)
Foto: Renata Vale Elizabeth Fiuza Aragão. Socióloga e filha de Ignez Fiuza.

Desde pequenos nos acostumamos com o movimento incessante da mãe, Ignez. O olhar distanciado do tempo, associado às festividades do seu centenário, com a mostra "ReVouVer - Legado e Memórias", em cartaz no Mauc (UFC) e o documentário "Uma Mulher Ignezquecível", nos fizeram compreender a magnitude de sua atuação.

Para viabilizar as ações mencionadas, abrimos centenas de pastas do acervo de Ignez, recolhendo catálogos de exposições, currículos de artistas, matérias de jornais, fotos e documentos surpreendentes à nossa arqueologia. Reunimo-nos com os artistas quando revolvemos histórias, fatos e lembranças da Galeria de Arte Ignez Fiuza, em funcionamento por 40 anos. Para o documentário, trouxemos os filhos e netos de Ignez, artistas, amigos, chefs de cozinha, funcionários, cujas narrativas reconstruíram a trajetória de 92 anos.

Tanto o documentário quanto a exposição ReVouVer revelam o que Ignez fez, produziu, empreendeu, fomentou para as artes e a cultura em Fortaleza. Ainda, como Ignez tocou diferentes atores sociais. Primordialmente, os artistas plásticos e os talentos promissores que se misturaram aos artistas de renome nacional, trazidos para a sua galeria. Também profissionais menos visíveis para os quais ela foi referência: molduradores, artesãos, cenógrafos, músicos, garçons etc. Estes deram suporte à multiplicidade de trabalhos de Ignez, que, além de galerista, foi decoradora, antiquarista, proprietária de lojas e de restaurante.

As ações do centenário têm impactado substancialmente os membros da família. São muitas as rememorações da mãe e da avó e as reflexões sobre a grandiosidade de seus feitos. Estes estiveram sempre tão perto de nós e não os enxergávamos. Necessária a figura do "outro" para serem valorizados e gerar um processo de reconhecimento e reapropriação da persona Ignez.

A palavra "ReVolVer", utilizada por Ignez em 1995 para uma exposição de arte que não aconteceu, vem revolvendo histórias, memórias de tempo e espaço, sentimentos, reflexões que atingem a psique coletiva, não somente da família, mas de Fortaleza, terra sobre a qual ela pronunciou: "Sou declaradamente apaixonada por Fortaleza, uma cidade de cara safada, risonha, cheia de luz e um pouco irreal". n

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