A luta das pessoas com autismo para reconhecimento de direitos e dignidade remonta há séculos e tem exigido tantos desafios quanto tem trazido vitórias. O 2 de abril, definido como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, tem sido um momento para esclarecer a sociedade e combater as violações às normas garantidoras de direitos fundamentais, especialmente, na educação, trabalho e saúde.
O diagnóstico é o passo crucial para entender e apoiar adequadamente as pessoas com essa condição do neurodesenvolvimento global, caracterizada por déficits comunicativos, interacionais e comportamentos repetitivos e restritos, que afetam a maneira como se comunicam, interagem e percebem o mundo. É fundamental para se averiguar quais as necessidades de apoio, permitindo o acesso a intervenções adequadas. Paradoxalmente, o diagnóstico, em razão do estigma social, pode carregar um peso significativo, acarretado pela falta de informações adequadas, em que algumas pessoas compreendem o autismo estereotipadamente.
Romeu Sassaki acredita que a inclusão social é a forma pela qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais, pessoas com necessidades especiais, entendendo que precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros, parceiros na discussão de problemas e soluções, eliminando as barreiras. Para ele, há seis principais dimensões da acessibilidade: arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal. É referente às dimensões programáticas e atitudinais, que a sociedade necessita de mudanças para eliminar o estigma. Deve a conscientização ser implementada perante os gestores públicos, que ainda demonstram preconceito, mediante atitudes capacitistas, que impedem a implementação de políticas públicas efetivas, e, no nível das barreiras atitudinais, relacionadas ao preconceito e ao estigma nos comportamentos, realidade ainda presente em muitos ambientes.
Um diagnóstico pode ser parte da experiência de alguém, mas não define toda a sua identidade. Cada pessoa é única, com uma história, personalidade, sonhos e desafios. Por trás de qualquer diagnóstico, há um indivíduo, com suas potencialidades. É essencial conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista, valorização de capacidades e respeito aos limites para diminuir o estigma, efetivar direitos sociais e promover a cidadania inclusiva. n