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Combatendo o preconceito
Opinião

Combatendo o preconceito

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Rômulo Moreira Conrado, procurador da República (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Rômulo Moreira Conrado, procurador da República

Retorna felizmente às escolas do sul do Brasil, após ser objeto de censura, o livro "O avesso da pele", do escritor Jeferson Tenório, obra literária de inquestionável valor e de leitura imprescindível para uma compreensão acerca de temas como o racismo, a violência e a exclusão sociais, marcas de uma sociedade desigual e que continua apegada a um preconceito que subsiste. Trago a propósito desse tema algumas citações e referências com o fim de promover um debate.

Machado de Assis, reputado como maior escritor brasileiro e cujas identidade e imagem permaneceram por muito tempo ocultas, escreveu em "Helena" ser ele uma realidade cujo desfazimento poderia ocorrer com a reflexão. De fato, emana de uma profunda ignorância, que supõe possam existir pessoas ou povos superiores e que divide a humanidade em raças, cores ou origens.

Tendo sido há muito superado pela ciência o mistério atinente à quebra do átomo, foi exato e preciso o físico Albert Einstein ao pontuar a tristeza de uma época em que se mostra muito mais difícil a quebra de um preconceito, a propósito da política oficial de segregação nos Estados Unidos, talvez porque, como ensinava o filósofo político Maquiavel, tenha ele raízes mais profundas que os princípios.

O preconceito, como assinalava Nelson Mandela, não é algo inato ao homem, mas, sim, ensinado e perpetuado, ninguém nascendo a odiar outras pessoas por sua cor, passado ou religião. Assim é que pôde sobreviver, tendo inicialmente se revestido até de viés científico, para depois subsistir sob rótulos os mais variados, que passam pela falsa imagem de uma democracia racial, o apagamento da história e a cultura e o repúdio a ações afirmativas, as quais visam atenuar uma histórica de séculos.

Nas palavras da escritora Maya Angelou, destaca-se ser esse quadro um fardo que confunde o passado, ameaça o futuro e torna o presente inacessível. É, portanto, um problema de todos, condenando toda a sociedade a permanecer desigual e injusta, o qual cumpre superar para a formação de um espaço consciente e plural. n

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