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Fortaleza e os esqueletos urbanos
Opinião

Fortaleza e os esqueletos urbanos

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Isabella Cantal. Arquiteta e conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (Cau/CE). (Foto: Willame Pires)
Foto: Willame Pires Isabella Cantal. Arquiteta e conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (Cau/CE).

Fortaleza é uma cidade vibrante e em constante evolução, porém enfrenta um desafio urbano há anos que não pode ser ignorado: A presença de cerca de 54 edificações inacabadas e abandonadas em várias regiões na cidade, o que acende um sinal de alerta. Podemos dizer que esses "esqueletos urbanos" não são apenas um perigo iminente à segurança devido às falhas estruturais que apresentam, mas também comprometem a estética urbana, afetam a identidade da cidade, além de um desperdício de espaço e recursos que poderiam estar beneficiando a comunidade.

Outro aspecto social e urbanístico a ser apontado são as implicações econômicas significativas que esses prédios causam. A presença dessas estruturas desvaloriza as propriedades circundantes, prejudica o turismo e afasta investimentos. Isso é, só prejuízos. A Lei de Inspeção Predial de Fortaleza, em vigor desde 2012, estabelece diretrizes para a manutenção de edifícios, visando, prioritariamente, garantir a segurança dos cidadãos.

Na prática, porém, as leis não são cumpridas como deveriam. A existência desses "esqueletos urbanos", por anos, na cidade, reflete uma lacuna na gestão urbana e na responsabilidade coletiva. O assunto ganhou destaque com o início da demolição do edifício São Pedro, na Praia de Iracema, um ícone da capital cearense.

Fortaleza merece um ambiente urbano que reflita a sua vibrante personalidade. É essencial que as autoridades, construtores e a sociedade civil trabalhem juntos para resolver essa questão. A opção pela reabilitação e reutilização desses prédios abandonados é uma saída eficaz.

Com as adequações necessárias e responsáveis, alinhadas aos princípios de sustentabilidade ambiental, a reabilitação dessas estruturas é capaz de revitalizar bairros, criar moradias acessíveis e espaços comunitários, restaurar o valor imobiliário, como também criar oportunidades de emprego, estimular o crescimento econômico local impulsionando o desenvolvimento sustentável da cidade, promovendo uma sensação de pertencimento entre os habitantes e contribuindo para a mitigação dos impactos ambientais negativos. n

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