Responsáveis pela maioria dos lares cearenses são as mulheres com mais de 50 anos, chefes de família, escolaridade e renda mais baixa, as principais clientes do serviço de esgotamento sanitário em nosso estado. Cerca de 70% delas desconhecem a relevância do esgoto tratado. Pesquisa do Instituto Trata Brasil (2023) indica que, na saúde, podem ser economizados cerca de R$ 1,2 bilhão no Ceará, até 2040, com a universalização do serviço de esgotamento sanitário. A mesma pesquisa aborda o incremento na produtividade do trabalhador e da trabalhadora, neste período: são R$ 17,9 bilhões a mais por ano.
Um dos caminhos para chegar a estes resultados é reforçar a relevância da transformação e da revolução que podemos fazer. São as mulheres, por exemplo, que se ausentam do trabalho para cuidar do filho que adoeceu, quase sempre devido a alguma doença de veiculação hídrica, causada pela ausência de tratamento de esgoto. Tomar a decisão de conectar o imóvel à rede de esgoto disponível é, portanto, o primeiro passo para mudar isso.
No Ceará, ainda na década de 1990, houve grande esforço em universalizar os serviços de água e esgoto. No entanto, apesar da rede de esgoto implantada, o índice de residências conectadas ao sistema não é satisfatório, mesmo que a ação seja um dever do usuário previsto em lei federal, o Marco do Saneamento.
Junto à falta de conhecimento sobre a relevância do esgoto tratado, outros fatores surgem como impeditivos para que a próxima casa se conecte. Mais uma conta para pagar, o custo da conexão à rede — em especial para os que possuem renda mais baixa —, alterações arquitetônicas, reformas "desnecessárias" ao olhar do usuário.
Conscientizar sobre o quão é importante o saneamento básico no nosso dia a dia, especialmente para outras mulheres, é urgente. Esta não é mais uma obrigação relacionada ao nosso ser mulher. Ao contrário, é um chamado para demonstrar como somos relevantes para o saneamento básico no Estado do Ceará. Porque nossa natureza movimenta a vida. Somos nós, mulheres, protagonistas da transformação das nossas casas, das nossas cidades, do nosso planeta e, sobretudo, de nossas vidas.