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O lugar da mulher na construção da pesquisa
Opinião

O lugar da mulher na construção da pesquisa

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Historicamente, as mulheres foram sub-representadas em posições de liderança e prestígio na academia e na ciência. Isso se deve a uma série de fatores, incluindo discriminação de gênero, estereótipos culturais, falta de apoio institucional e barreiras estruturais.

Na cena social brasileira, é praticamente a partir de Carolina Martuscelli Nori, Betha Lutz e Conceição Tavares que as pesquisadoras começam a ocupar um espaço significativo e a produzir pesquisas que se peculiarizam pelo seu discurso feminino. É provável que esse discurso emerja de um processo de conscientização deflagrado pelo movimento feminista. Elvis Xavier afirma: "Isso não significa que o discurso se confunda com o feminismo, mas traz no bojo a consciência da sua situação histórico-social e a necessidade de buscar sua identidade a partir desse contexto, o que é próprio de movimentos de mudança nas estruturas sociais".

É dentro dessas orientações culturais heterogêneas que se inclui as pesquisas das professoras Liana Liberato, Ana Iris do Carmo e Marly Lopes. Elas fazem uma apreensão da mulher brasileira, promovem um processo de reorganização do desejo da mulher, buscando extrair outras falas dos estereótipos do feminino. Cada uma, com perspectivas únicas, habilidades diversificadas e experiências pessoais inigualáveis que enriquecem o processo de pesquisa e contribuem para a criação de um conhecimento mais inclusivo e abrangente no seu fazer cotidiano.

Ao se falar da mulher, na sua história, do espaço ocupado por ela na sociedade e na construção da Nação, questões latentes na pesquisa, faz-se necessário tomar cuidado para não cair numa ginocentralização de alguns feminismos em relação a um conceito monolítico da mulher como sendo diferente do homem. Os seus trabalhos de pesquisas sociais são o do meio. Elas, enquanto pesquisadoras, não se resumem a uma experiência silenciada pela tradição cultural dominante na construção da nação cultural brasileira. Mas, para uma reflexão do passado e do fazer social no presente. Uma vez que reconhecem a importância de seus papeis na sociedade.

Por fim, ao reconhecer e valorizar as contribuições das mulheres nas pesquisas cientificas, avançamos em direção a uma sociedade mais justa, igualitária e progressista, onde o talento e o potencial de todas sejam plenamente respeitados, realizados, celebrados e reconhecidos.

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