Os docentes das universidades federais do estado do Ceará entraram em greve no dia 15 de abril após mais de nove meses de negociações com o governo federal sem resposta satisfatória. Algumas de nossas principais reivindicações são reajuste salarial para reparar perdas inflacionárias acumuladas, reestruturação da carreira e recomposição do orçamento das universidades depois do desmonte nos governos Temer e Bolsonaro.
As principais dificuldades para se chegar a um acordo hoje são a manutenção do orçamento em níveis incompatíveis com a necessidade de reconstrução das instituições públicas de ensino superior e a insistência do governo em negar reajuste aos/às trabalhadores/as da educação federal em 2024.
Depois de anos de corrosão inflacionária sem a devida reposição, nós, docentes, temos a justa expectativa de vermos nossos salários voltarem pelo menos ao nível em que estavam no início do governo Temer. Do mesmo modo, esperamos a recomposição dos orçamentos das universidades públicas. Pois é isso que significa valorizar a educação e investir na qualidade da educação pública.
Quando se fala em educação, está-se falando de pessoas. Pessoas que se dedicam para formar outras pessoas e produzir conhecimento científico, necessitando para isso de condições adequadas. São basicamente salários, bolsas, auxílios, infraestrutura de espaços pedagógicos, laboratórios, núcleos de pesquisa, bibliotecas. Qualquer ajuste fiscal que ameace essas condições não deve merecer o apoio da sociedade, porque está prejudicando seu presente e seu futuro.
Mas essa não é uma questão apenas do governo federal. Temos acompanhado o Congresso Nacional e vemos que os presidentes da Câmara e do Senado exigem suas emendas parlamentares - num montante de R$ 53 bilhões! - e já têm projetos de lei e emendas constitucionais prontos para aprovar, caso algum recurso orçamentário novo apareça. Esses projetos destinam mais dinheiro a quem já tem, propondo que empresas deixem de pagar impostos sem justificativa ou que os servidores do Judiciário ganhem benefícios acima do teto. É a completa falta de compromisso com os/as trabalhadores/as e com a qualidade do serviço público. Por isso estamos em greve.