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Cristiano Therrien: Política e cabos submarinos em Fortaleza
Opinião

Cristiano Therrien: Política e cabos submarinos em Fortaleza

Políticas da gestão Luizianne Lins se tornaram políticas de Estado para Fortaleza e o Ceará, como deveriam ser. Agora, resta uma pergunta sem resposta: se há tantos cabos com conexão direta na Praia do Futuro, por que será que Fortaleza ainda não se destaca como a melhor e mais barata Internet do Brasil?
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Cristiano Therrien. Doutor em Direito pela Université de Montréal e ex-gestor de Tecnologia da Informação de Fortaleza. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Cristiano Therrien. Doutor em Direito pela Université de Montréal e ex-gestor de Tecnologia da Informação de Fortaleza.

Fortaleza é o principal ponto de conexão à Internet da América Latina. Isto é um fato que deveria ser mais conhecido e mais útil. Mas por que Fortaleza se tornou um lugar tão único e conectado?

Fala-se que Fortaleza concentra muitos cabos óticos submarinos por sua localização geográfica. Porém, outras cidades também têm local apropriado e a tecnologia ótica supera distâncias maiores.

As principais razões são políticas: políticas federais de telecomunicações, políticas municipais de desenvolvimento tecnológico e socioeconômico, políticas estaduais de integração digital e regional.

Os primeiros cabos dos consórcios da Embratel chegaram em 2000, mas todo o plano federal foi revogado pelas privatizações das telecomunicações.

A prefeita Luizianne Lins, então, assumiu o projeto de consolidar e ampliar o hub de telecomunicações por meio de programas integrados de estrutura tecnológica, desenvolvimento local e inclusão digital.

Em 2007, seu Plano Diretor de Tecnologia lançou os programas Fortaleza Conectada, Fortaleza Digital e Fortaleza Transparente. Criou-se ali um plano que serviria de base e inspiração para outras gestões.

A gestão Luizianne Lins trabalhou para instalar a rede de fibra ótica Gigafor, conectando órgãos municipais, cabos submarinos e redes sem fio WiMAX e WiFi em escolas, postos de saúde e praças.

Outra inovação da gestão Luizianne Lins foi a legislação para formar parques tecnológicos e criativos. A proposta aproveitaria o potencial (até então desperdiçado) dos cabos submarinos para Fortaleza.

Sua gestão também construiu análises, projetos e sistemas online que criaram as condições para o que logo se chamaria de "cidade inteligente", sempre com uma visão inclusiva, aberta e responsável.

Tais políticas de governo se tornaram políticas de Estado para Fortaleza e o Ceará, como deveriam ser. O Cinturão Digital do Ceará e os novos cabos submarinos e datacenters são bons exemplos disso.

Agora, resta uma pergunta sem resposta: se há tantos cabos com conexão direta na Praia do Futuro, por que será que Fortaleza ainda não se destaca como a melhor e mais barata Internet do Brasil?

 

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