A criação da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) em 2010, pelo Governo Lula, afirma um compromisso político com a expansão democrática da educação superior, com o enfrentamento das desigualdades de classe, nacionalidade, raça, etnia, gênero, sexualidade e território, entre outras, e com a interiorização e a internacionalização.
A Unilab pode ser estratégica na cooperação internacional com os países africanos de língua portuguesa e com o Timor-Leste, detendo potencial para ser protagonista no reposicionamento do Brasil na geopolítica global, particularmente nas parcerias Sul-Sul, articulando educação, formação profissional, extensão, arte, cultura, pesquisa, ciência, tecnologia e inovação.
A Unilab vivencia em seu cotidiano o Brasil profundo, evidenciada pelas regiões do Maciço de Baturité e do Recôncavo Baiano e a diversidade e a potência de povos, comunidades e territórios de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e do Timor-Leste. Na Unilab, convivem milhares de pessoas desses países, de todas as regiões, povos e comunidades, revelando a diversidade linguística, cultural, artística, étnica, social e política.
Essa diversidade social e intercultural revela como a Unilab pode gerar resultados socialmente significativos, constituindo intercâmbios, redes, circuitos, parcerias, processos e projetos que valorizem, integrem, reconheçam a potência e a diversidade e fortaleçam esses povos, comunidades, territórios, países, conhecimentos, experiências, patrimônios e memórias.
Esses agentes históricos, em parceria com as sociedades civis e políticas, são capazes de se comprometer com políticas de reparação histórica, afirmar a democracia, afetar positivamente sistemas e políticas públicas, enfrentar injustiças, superar desigualdades e constituir projetos e modelos de desenvolvimento sustentável, capazes de conciliar crescimento econômico com justiça social e equilíbrio ambiental.
Por isso, acreditamos que a Unilab, entendida como uma Universidade e uma política de Estado, pode se afirmar como uma instituição contra-hegemônica, capaz de constituir processos e espaços acadêmicos emancipatórios, decoloniais, antirracismo, interculturais e democráticos, reconhecendo e valorizando a história da resistência dos povos africanos continentais e diaspóricos, promovendo a inclusão de trabalhadoras/es e povos originários, historicamente excluídos da educação superior.
Atualmente, o quadro estratégico e conjuntural dos Brics sugere uma leitura renovada da Unilab, avaliando o que já foi feito, os desafios e as dificuldades atualmente existentes e projetando o futuro. Cabe refletir sobre as condições necessárias para que a Unilab possa efetivamente se consolidar e desenvolver nos próximos anos e décadas.
Nesse sentido, é importante que a comunidade seja protagonista, que a sociedade seja parceira e que o Estado brasileiro se comprometa com a criação das condições para que esse protagonismo da Unilab, particularmente na relação com a África, efetive-se. Em alusão ao Dia da África (25 de maio), temos esperança e lutamos para que a Unilab possa se reencantar e fortalecer, transformando-se, nos próximos anos, em uma Universidade inovadora, potente, democrática e social e academicamente relevante. n