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Victor Marinho: Verde e amarelo gay
Opinião

Victor Marinho: Verde e amarelo gay

O único vermelho que queremos distância é o do sangue derramado no país que mais mata pessoas trans no mundo, conforme indicam os dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra)
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Victor Marinho Uchoa

Articulista

Existe um Brasil depois de Madonna. A Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo acontece neste domingo, 2, com gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e travestis usando verde e amarelo, as cores da bandeira brasileira que nos últimos anos serviram de farda ideológica para Deus, para o cidadão de bem e para a família. Ora, não diga que nunca deduziu o voto de alguém pelas cores que vestia?

Há quem diga que o convite da organização para o uso das cores tenha sido uma desculpa para se distanciar do vermelho à esquerda ou uma bela homenagem a Bolsonaro. Quase acertaram. O único vermelho que queremos distância é o do sangue derramado no país que mais mata pessoas trans no mundo, conforme indicam os dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). E a única homenagem que faremos ao ex-presidente será quando seu julgamento for marcado.

O movimento do verde e amarelo na Parada LGBT+ deve-se ao evento astronômico que foi o show de Madonna no Rio de Janeiro. A cantora norte-americana conhecida por sua subversão e inimizade com o conservadorismo vestiu a camisa com as cores patrióticas junto com a drag queen e cantora Pabllo Vittar. A performance das duas foi o suficiente para inflamar o debate nas redes: será que agora poderemos voltar a usar a bandeira do Brasil sem sermos confundidos com bolsonaristas?

O primeiro passo está sendo dado. A decisão para convidar ao uso das cores foi unânime, conforme disse Nelson Matias Pereira, sócio-fundador e presidente da associação responsável pelo evento (APOLGBT-SP), em entrevista à TV Cultura. Segundo Nelson, a ação se justifica como uma “celebração da retomada de símbolos” nacionais.

A proposta também dialoga com o tema da 28ª Parada do Orgulho LGBT+. Este ano, o evento busca um maior apoio a representantes que promovam políticas públicas afirmativas para esta população e joguem luz em pautas sobre direitos humanos.

O convite está feito. Para aqueles que não suportaram a ideia talvez tenha sido um “roubo”, uma afronta, mas na verdade, é possível notar uma reivindicação, das cores que sempre foram nossas e, dessa vez, sem a reputação que elas carregam.

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