Dada a situação econômica do Rio Grande do Sul, não tenho dúvidas de que a política fiscal, qualquer que seja seu caminho, que for adotada pelo governo do Estado e pelo governo federal não terá a capacidade de salvar a economia estadual, nem mesmo a médio prazo.
E o que fazer? A fome, a falta de água potável, de emprego, de renda são problemas de curto prazo. Mesmo, até, de curtíssimo prazo.
E o que é preciso, de imediato? Que o Governo e a população tenha dinheiro para investir na reconstrução do Estado. Mas de onde virão tantos Reais?
Sabemos que a política econômica de efeitos imediatos, de curtíssimo prazo, é a política monetária. Isto Lord Keynes já nos ensinou há 88 anos!
Tanto o Governo Estadual como o Governo Central estão quebrados. Por outro lado, emitir moeda somente é possível com o "aprovo" do Congresso.
Me vem à cabeça o fenômeno das "gonzaguetas".
Assim, proponho que o Congresso Nacional aprove uma lei permitindo que o Governo do RGS emita a "prenda gaúcha", uma moeda de circulação somente dentro daquele Estado, com curso forçado e aceita por todos.
Cada família que perdeu sua residência receberia um valor corresponde ao necessário para reconstruí-la.
Cada indústria cujas máquinas e insumos possam ser adquiridos de produtores estaduais receberia o equivalente aos recursos necessários para a sua reconstrução e compra dos equipamentos e insumos para começar a produzir o mais cedo possível. O mesmo, seria adotado para os outros setores produtivos e de serviços do RGS.
E as indústrias que precisarem comprar equipamentos de outros estados ou mesmo até importar, como poderiam ser ajudadas? Aqui o problema é mais complexo, mas há uma solução. O Bacen cederia recursos para o sistema bancário local (poderia ser, até, um percentual do valor do "depósito compulsório" de cada banco) para que ele oferecesse crédito para investimentos e capital de giro com carência de 10 anos e para pagamento conforme a capacidade da empresa por igual período (ou até maior). Naturalmente essas indústrias já trabalhavam com o setor bancário e este sabe da capacidade de pagamento de cada uma delas.
No que diz respeito às "prendas gaúchas", elas teriam um prazo de vigência, digamos,10 anos. Passado este prazo elas seriam extintas e o Real voltaria a circular como moeda única no Estado. Mas, como se daria esse processo? Uma sugestão seria que ela fosse desvalorizada a cada ano em 10,0%, para que o impacto de sua extinção fosse minorado.
Recordemos o que escreveu Aristóteles em A Política, há 2.359 anos: "o dinheiro é somente uma ficção e todo seu valor é o que a lei lhe dá". Sendo uma ficção, pode-se usá-lo como se queira, principalmente para salvar uma população de sofrimento extremo.