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Rosette Nunes Correia Lopes: O amanhã sem ninguém
Opinião

Rosette Nunes Correia Lopes: O amanhã sem ninguém

A T21 é uma deficiência que se percebe, pois tem fenótipo, porém mesmo sendo a mais conhecida não há políticas públicas que visem preparar as crianças e jovens para enfrentar o mercado de trabalho, cursar faculdade, construir vida adulta saudável.
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Rosette Nunes Correia Lopes

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Quando nos tornamos pais, o medo com relação ao futuro dos filhos surge quase que instantaneamente. Ficamos horas olhando para aquele bebezinho e traçando todo o seu futuro brilhante. Onde vai estudar, que estilo de roupa vai vestir, qual curso na faculdade irá fazer, que será um esportista genial, falará inglês fluentemente, a idade que irá casar e por aí vai.

Parece que projetamos o nosso conceito de vida perfeita neles. Todo esse sentimento é natural, afinal um filho é o amor mais forte que existe.

A vida seguindo o curso natural, nós, pais, vamos ser avós, apreciar o "nosso" trabalho bem feito. Agora, imagine, quando nos tornamos pais de uma criança com deficiência, o medo do futuro ganha um enredo a mais, o medo de como será o amanhã.

O amanhã sem ninguém é o grande temor. Quem vai cuidar, zelar, ter carinho como nós?

Fazendo essa reflexão, percebo o quão é urgente a sociedade se conscientizar que as pessoas com deficiência vão se tornar jovens, adultos e idosos. Vejo uma preocupação grande com bebês e crianças, mas e depois?

Vou, aqui, focar na pessoa com síndrome de Down/T21. A T21 é a condição genética mais comum mas é invisível. É uma deficiência que se percebe, pois tem fenótipo, porém mesmo sendo a mais conhecida não há políticas públicas que visem preparar as crianças e jovens para enfrentar o mercado de trabalho, cursar uma faculdade, construir uma vida adulta saudável.

Precisamos de cursos profissionalizantes, capacitação de profissionais, criação de um protocolo médico específico, parcerias com empresas que sejam comprometidas em dar apoio necessário (trabalho apoiado), ofertas de linhas crédito com taxas e exigências diferenciadas para estimular o empreendedorismo.

Temos, urgentemente, que focar nas potencialidades. Deixar os estereótipos e dar oportunidades. Também é necessário se pensar em moradias assistidas que ofereçam segurança e autonomia, além da importância em conduzir com cautela a tomada de decisão apoiada.

Eu, Rosette, me preocupo e sofro quando penso no amanhã sem ninguém do Pedro.

 

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