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Luiz Fábio S. Paiva: Hora de mudar a atitude na Segurança Pública no Ceará
Opinião

Luiz Fábio S. Paiva: Hora de mudar a atitude na Segurança Pública no Ceará

Pouco ou nada mudará se a nova gestão da Segurança Pública não estiver ajustada a outras ideias, abordagens, articulações e diálogos necessários para enfrentar os desafios impostos pela atual conjuntura. A primeira mudança importante é a respeito do diagnóstico da situação, com políticas ajustadas à realidade do Estado
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Luiz Fábio S. Paiva

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Desde 1995, o Ceará convive com taxas acima de 10 homicídios por 100 mil habitantes e a situação piorou bastante desde então. Isto significa que estamos há quase trinta anos fora da curva de razoabilidade em se tratando de homicídios no Estado. Trata-se de uma situação muito séria e que exige do governo estadual, assim como do municipal e de todos os segmentos sociais, atitudes para transformação dessa realidade.

Ao decidir pela substituição na pasta de segurança, o governador Elmano de Freitas parece desejar mudar a postura diante dos problemas enfrentados. Contudo, pouco ou nada mudará se a nova gestão da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social não estiver ajustada a outras ideias, abordagens, articulações e diálogos necessários para enfrentar os desafios impostos pela atual conjuntura. A primeira mudança importante é a respeito do diagnóstico da situação, com políticas ajustadas à realidade do Estado. Uma boa política de segurança se faz compreendendo as dimensões e diferentes camadas dos problemas relacionados ao crime e violência, com investimentos massivos em políticas estratégicas desde a proteção integral dos direitos da criança até o que é feito no âmbito da justiça penal.

Por isso, um bom secretário de segurança precisa de capacidade política e abertura ao diálogo com múltiplos segmentos sociais. Sua principal tarefa é coordenar ações em toda uma rede estatal de proteção e garantia de direitos, potencializando sua pasta como um componente multissituado e capaz de gerir, em várias escalas, um trabalho de integração não apenas entre forças policiais, mas entre diferentes instituições para medidas efetivas de segurança para toda população. Algo simples de se fazer? Não. O novo secretário precisará de tempo, corrigir erros da gestão e promover uma integração de políticas além das competências tradicionais atribuídas à sua pasta.Luiz Fábio S. Paiva

Afinal, a responsabilidade de uma boa política de segurança pública não pode ser circunscrita ao aparato policial, pois depende de muitos outros agentes sociais. Por fim, ele precisará aprender a absorver a crítica como parte do debate necessário para avançar e ter uma nova atitude diante da conjuntura. Seu sucesso depende mais do que, no início dos trabalhos, conseguirá aprender sobre o Ceará do que da sua bagagem. n

 

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