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Lucas Junior: A Praça volta para o Orion
Opinião

Lucas Junior: A Praça volta para o Orion

A "Praça da Bandeira", herdeira da outra, infelizmente, abandonada, foi destruída após a construção de um reservatório da Cagece, ocupada por moradores de rua e usuários de drogas como a vizinha, José Bonifácio, antiga Praça dos Coelhos
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Lucas Junior

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No passado, o encanto dos moradores fortalezenses era o Centro. Não interessava o nível social, estar perto das praças, das igrejas e, claro, do centro comercial privilegiava os contatos e as necessidade. Porém, alguns ousaram, desbravando Jacarecanga e a Av. Visconde de Cauípe.

Muitos arquitetos se destacaram com desenhos imponentes, hoje apagados. Os palacetes de Barão de Camocim e o Solar das Liras (residência do Dr. Meton de Alencar II), por exemplo, possuíam um motivo quanto à localização: a brisa da Praça de Pelotas, na verdade um gigantesco largo de areia ainda sem a as belas Caixas d'Água. Uma glória, resistiram.

Pelotas dos "rachas" de futebol e até palco do Campeonato Cearense no tempo do Orion FC, campeão de 1930, surgido no ano anterior por dissidentes do Fortaleza, rompido com a ADC. Orion dos irmãos Machado e do goleador Pirão, experientes pelos títulos do tricolor na década de 1920. E que se negou a decidir naquele campo a final de 1931 contra o Ceará porque a ADC não estipulou descanso do time, que vinha de excursão pelo interior.

Alguns parques e circos se estabeleceram ali até 1934, quando, em meio à inauguração da Faculdade de Direito, a autêntica praça foi construída pela prefeitura, com um belo jardim que atraía as normalistas e os jovens românticos, valorizando a área, que passou a contar com a Assistência Municipal, e a Rua Senador Pompeu tomou rumo para o interior.

A "Praça da Bandeira", herdeira da outra, infelizmente, abandonada, foi destruída após a construção de um reservatório da Cagece, ocupada por moradores de rua e usuários de drogas como a vizinha, José Bonifácio, antiga Praça dos Coelhos. Uma simples intervenção não resolverá. Urge que retornem os jardins de 1935. Do contrário, retardemos na história, marquem jogos porque o arbitro já está lá. Colocaram a estátua do Dr. Clóvis Beviláqua (atual patrono), sem o pedestal original, no seu centro e de costas para a sua Casa, numa afronta à Faculdade de Direito. Triste dizer, a praça volta a ser do Orion.

 

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