Com um 'olhar', não tão privilegiado quanto ao de Rubem Alves, quando em uma das suas crônicas, descreve sobre "A Complicada arte de ver", me vi "vendo", hoje na beira da praia ao acompanhar por um bom tempo a caça ou pesca, de um maçarico, ave pequenina da beira de praia.
Num verdadeiro ensinamento de como se alimentar, correr e driblar a ofensiva, no caso, a onda, quando do seu natural vir e ir, não alcançava o passinho ágil e matreiro da franzina ave. Estávamos caminhando, e ela sempre alguns passos à nossa frente, descia a procura de algo na areia e logo no voltar da onda no seu passo lépido caminhava de volta, mas ao mesmo tempo seguindo em frente. Não conseguíamos alcançá-la, nós e nem a onda, no seu passinho rápido e eficiente. E nesse vai e vem procurando e bicando algo que viera do mar, deixado pelo ir e vir da água, nos dava uma lição.
Caminhávamos vendo,preciando a astúcia, a determinação sábia e eficiente daquele pequenino ser, nos envolvendo em admirar suas perninhas ágeis que pareciam não só fugir da água, mas também de nós, uma vez que num zig zag ficava sempre à nossa frente.
E foi quase um quilômetro de exposição e coleta solitária, quando surgiu mais uma, outra e outra, e todas logo se mostraram com a mesma disposição de caçadoras, e ela já não era a solitária dona do pedaço.