De acordo com pesquisa recente da Associação Brasileira de Academias (ACAD), o Brasil possui cerca de 34 mil academias, sendo o segundo maior mercado do mundo. Desse total, 10% dos frequentadores de academias são adolescentes, o que sugere que cerca de 3,4 milhões de adolescentes praticam musculação no Brasil.
Nos últimos anos, tem-se observado um preocupante aumento no uso de anabolizantes entre adolescentes, com o uso dessa substância sendo normalizado pelos praticantes de treinamento de força e as consequências romantizadas, eximindo o esteroide de culpa nos casos de complicação ou morte. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o uso de anabolizantes entre jovens de 13 a 19 anos cresceu cerca de 30% na última década. Considerado um problema de saúde pública, o uso indiscriminado dessas substâncias sintéticas derivadas da testosterona aumenta os riscos à saúde, principalmente, à saúde cardiovascular
Os efeitos do uso de anabolizantes podem ser devastadores, especialmente, em adolescentes cujos corpos ainda estão em desenvolvimento. Entre as principais consequências estão distúrbios hormonais, problemas no crescimento e maturação, problemas cardiovasculares, complicações hepáticas, alterações psicológicas e dependência.
Por razões éticas, um estudo de causa/consequência não pode ser feito para determinar essa relação, embora ao longo da história outros experimentos indiquem correlação entre o uso e a morte de usuários. Uma carta científica publicada este ano no Jama, uma das revistas médicas mais importantes do mundo, traz dados de um estudo observacional dinamarquês, que apontam que o uso de anabolizantes aumenta em 2,8 vezes o risco de morte.
Diante de todos esses números, é essencial promover campanhas educativas que esclareçam os riscos dessas substâncias e oferecer suporte psicológico para jovens que enfrentam pressão social e problemas de autoestima. Apenas através de uma abordagem multifacetada será possível reverter essa perigosa tendência e proteger a saúde e o bem-estar das futuras gerações.