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Antonio Jorge Pereira Júnior: Bônus e ônus da neurotecnologia nas relações familiares
Opinião

Antonio Jorge Pereira Júnior: Bônus e ônus da neurotecnologia nas relações familiares

Tecnologias com interfaces cérebro-computador podem ser uteis para pessoas autistas ou com outras dificuldades interativas ao traduzirem pensamentos em palavras ou ações. Além disso, melhoram a capacidade de comunicação de pessoas com deficiência auditiva severa ou progressiva, o que facilita sua inclusão ou reinserção familiar
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Antonio Jorge Pereira Júnior, doutor e mestre em Direito - USP, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Antonio Jorge Pereira Júnior, doutor e mestre em Direito - USP, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor

A neurotecnologia pode ajudar a superar deficiências cognitivas, emocionais e comportamentais e, assim, contribuir nas relações familiares. Abordo o tema, hoje, no Congresso da International Academy for the Study of the Jurisprudence of the Family, na Universidade de Saragoza.

Deficiências e carências variadas dificultam a dinâmica familiar. Nesse sentido, a neurotecnologia, bem aplicada, pode melhorar a qualidade de vida do indivíduo implicado, bem como a de seus familiares. Pode-se dizer, assim, que ela pode fortalecer vínculos familiares ao melhorar a comunicação, a regularidade emocional e a compreensão mútua nas relações domésticas.

No caso da comunicação, tecnologias com interfaces cérebro-computador podem ser uteis para pessoas autistas ou com outras dificuldades interativas ao traduzirem pensamentos em palavras ou ações. Além disso, tecnologias melhoram a capacidade de comunicação de pessoas com deficiência auditiva severa ou progressiva, o que facilita sua inclusão ou reinserção familiar.

Quanto à regulação emocional, transtornos de humor podem ser tratados com dispositivos de estimulação cerebral que regulam variações de ânimo em indivíduos com depressão ou transtorno bipolar, o que propicia uma vida menos estressante para eles e suas famílias.

Em relação ao apoio cognitivo, tecnologias auxiliam na concentração e reduzem os sintomas de TDAH, em favor de um ambiente familiar mais harmonioso. Enquanto isso, tecnologias de estimulação cognitiva retardam a progressão de doenças neurodegenerativas, e permitem que os indivíduos mantenham sua independência por mais tempo, reduzindo o fardo que recai sobre a família.

Vale imaginar, leitor, outros potenciais ganhos que poderiam ser aportados à sua família, pelo estimulo neuronal nas dimensões relacionais, racionais, emocionais e morais.

Por outro lado, a neurotecnologia aporta desafios éticos, ao reverberar em questões relacionadas à privacidade, ao consentimento, à autonomia e identidade da pessoa. Nisto sua conexão com o Direito, que deve resguardar os direitos de casa pessoa, mediante protocolos de acompanhamento na fase de elaboração ou de aplicação de tais, dentre outras estratégias.

 

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