Natural de São Benedito, Valfrido Salmito Filho ingressou no Seminário Franciscano aos 7 anos, de lá só saiu aos 20. Os princípios do "pai dos pobres" o acompanhariam por toda a vida. Graduou-se em Direito na UFC em 1961, mas foi na economia, com os estudos na Comissão Econômica para a América Latina - CEPAL/UN e, na Alemanha como bolsista da ONU, que se identificou. Com Adeilda, foi casado por 54 anos, nela encontrou não só o amor que lhe rendeu três filhos, mas alguém que lhe apoiaria por toda a vida profissional.
Durante quatro décadas dividiu-se entre a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Banco do Nordeste. Em ambos, ingressou por concurso e chegou aos mais altos postos.
Entusiasta do desenvolvimento, era obstinado em promover a industrialização da Região. Através de incentivos fiscais e criação de distritos industriais na Sudene e com a decisiva atuação técnica e capacidade de articulação política na Assembleia Nacional Constituinte de 1988 para garantir a aprovação do Fundo Constitucional do Nordeste, o FNE.
Sem nunca ter tido filiação partidária, Valfrido fez amigos em todas as agremiações, desde a ex-prefeita Maria Luiza ao ex-senador Antônio Carlos Magalhães. Para ele, o que importava era os interesses do Nordeste. No meio empresarial, com sua atuação técnica, angariou o respeito que gerou convites para atuar no setor privado em grandes grupos.
Este senhor, para meu orgulho, é meu pai, e faria hoje 90 anos. Ao me formar, pedi para abrirmos juntos um escritório de consultoria. Ouvi a frase: "meu filho, eu só sei defender os interesses do Estado".
Essa dedicação lhe rendeu condecorações e títulos de cidadania e medalhas em todos os estados do Nordeste, em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além até da Ordem do Rio Branco, Troféu Sereia de Ouro e outras comendas.
Nada disso foi capaz de envaidecê-lo. Talvez o título mais acertado sobre ele foi dado pelo ex-ministro Ciro Gomes, de forma até despretensiosa. Certa vez, em uma solenidade, ao ser indagado por uma jovem autoridade sobre quem seria aquele senhor careca a quem o então vice-presidente da República, José Alencar, dedicava atenção em uma conversa tão longa, Ciro resumiu: "é o Salmito, um nordestólogo".