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Plínio Bortolotti: Quanto custa um parlamentar?
Opinião

Plínio Bortolotti: Quanto custa um parlamentar?

Em uma democracia, é necessário destinar recursos públicos para o funcionamento das instituições, incluindo os partidos políticos. Mas qualquer pessoa normal há de conhecer a existência de abusos inaceitáveis, que precisam acabar
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Plínio Bortolotti, jornalista do O POVO  (Foto: O POVO )
Foto: O POVO Plínio Bortolotti, jornalista do O POVO

Cinco bilhões de reais é o valor do Fundo Eleitoral para que os partidos gastarem nas eleições municipais que se aproximam. Para ser mais exato, o valor é R$ 4.961.519.777,00. A maior fatia ficará com o PL, PT e União Brasil, que vão passar o rodo em 40% do total. O restante será dividido entre os outros 26 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além do fundo destinado às eleições, as siglas ainda têm direito ao Fundo Partidário, de onde é drenado mais R$ 1 bilhão por ano (2022).

Pesquisa de duas universidades americanas em parceria com a UnB, divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo (27/3/2022) mostra que cada parlamentar brasileiro custa US$ 5 milhões (dólares) por ano aos cofres públicos, ou seja, aproximadamente R$ 27 milhões, na cotação atual. Somando os 513 deputados e 81 senadores, a despesa anual com o Congresso é de R$ 16 bilhões.

O estudo citado acima mostra que, em valores absolutos, o Congresso brasileiro é o segundo mais caro do mundo; perde apenas para os Estados Unidos, a maior economia do planeta. A diferença é que a despesa com o Congresso americano representa 0,02% do PIB; no caso do Brasil, o percentual sobe para 0,15%.

Em uma democracia, é necessário destinar recursos públicos para o funcionamento das instituições, incluindo os partidos políticos, e dar condições de trabalho para os que nelas operam. Mas qualquer pessoa normal há de conhecer a existência de abusos inaceitáveis, que precisam acabar.

Os recursos públicos têm de ser usados com parcimônia, e não como se deputados e senadores vivessem em um mundo paralelo, apartados das necessidades da população. Redução de verbas destinadas a parlamentares e partidos, cortes de privilégios e benefícios exagerados, são medidas urgentes, que podem ajudar a conter despesas, contribuindo para o equilíbrio fiscal.

Qualquer reforma no Brasil somente será possível se o exemplo vier de cima ou estará fadada ao fracasso. Pois o cidadão que rala o dia inteiro para levar comida para casa há de perguntar, revoltado com a injustiça: por que eu?

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