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TBaião, baião de 2
Opinião

TBaião, baião de 2

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Na época junina o baião fica mais em evidência, com as inúmeras e alegres festas dançantes ao som das sanfonas que nos animam, hoje executados por exímios tocadores nordestinos, nos trazendo sempre a lembrança do sanfoneiro maior, e um dos criadores do baião, Luís Gonzaga, junto ao Humberto Teixeira. Esse ritmo dançante continua proporcionando a ideia inicial, que se dança a dois.

Me referi ao ritmo, para chegar ao nosso prato tipicamente nordestino, o Baião de dois, tendo como principais ingredientes, o feijão e o arroz. Dizem alguns, ter surgido em tempo de seca no Nordeste, que para economizar a escassa água, cozinhava-se o feijão e em seguida juntava-se o arroz para cozinharem juntos. É um dos pratos que mais representa essa região. Sal e cheiro verde são os temperos essenciais. Pode ser acrescentado o torresmo, outro petisco quase nosso, pois dizem vir dos portugueses e também fez parte da alimentação dos escravos no tempo colonial. E é uma delícia, feito da barriga do porco, cortado miúdo e torrado. E pronto, esse seria o baião de dois que ainda poderíamos chamar de tradicional.

Foram sofisticando e acrescentando outros ingredientes, principalmente o queijo, creme de leite, já não sendo mais baião de dois. Podemos até admitir, há quem goste, contando que prevaleça a excelência do par essencial.

Para isso quero chamar a atenção, para o descaso com que estão tratando esse prato. Os componentes essenciais, o feijão e o arroz, devem ser um par, daqueles que dançam um baião, em ritmo e condições mais ou menos iguais. Em qualquer restaurante ou outro local que venda esse prato, o que vejo é a desigualdade gritante, ridícula mesmo: alguns caroços de feijão salpicados numa quantidade maior e desigual de arroz. Acho um desleixo com uma tradição regional e que geralmente todos gostam de conhecer e provar. Os dois componentes principais, têm que ter participação aproximada, remetendo à proposta inicial do par que dançaria junto em pé de igualdade.

Ou então mudaremos o nome: Baião e outros pares.

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