Micaretas são festas fora de época, e que atraem multidões apaixonadas por folia. O Fortal é uma delas e acontece desde 1993. Já foi objeto de polêmica por vários aspectos, dentre eles o local em que acontece. Inicialmente na Beira Mar e posteriormente no bairro M. Dias Branco, para onde mudou-se em 2005. De alguns anos para cá, aspectos socioambientais têm tido destaque na pauta.
O impacto social que um evento causa é considerado por grande parte dos consumidores. Temos visto grandes repercussões negativas em eventos devido à falta de cuidado com questões de gestão e reciclagem dos resíduos, impacto e legado para a comunidade.
Este ano, quando o Fortal completa 31 edições, foi divulgado que seria deslocado para um terreno próximo ao Aeroporto Internacional Pinto Martins, em parceria com a Fraport, concessionária do empreendimento. A megaestrutura foi anunciada com diversas parcerias público privadas, mas esqueceram de fazer uma pesquisa com a sociedade e apresentar planos de impacto socioambiental e mitigação de riscos. Mas para que mesmo apresentar tais relatórios, se antes nada disso era levado em consideração?
Pois bem, após breve pressão política e social o evento voltou ao local de origem. Muitos questionamentos pairam sobre este tema, sobretudo de ordem ambiental, social e política, entretanto devido ao adiantado da hora a organização retrocedeu, por enquanto, e em 2024 continua havendo folia na antiga Cidade Fortal.
Seguramente alguns atores se aproveitam da polêmica, mas não devemos nos desviar do propósito e alinhar expectativa versus realidade dos aspectos sociais, sustentáveis e financeiros. Estamos vendo na mídia e nas redes sociais eventos serem redimensionados por causa de fatores nunca levados em consideração, como postura dos artistas contratados, impactos negativos na comunidade, ausência de comunicação eficaz e a participação da comunidade envolvida, dentre outros.
São lições a serem aprendidas. Neste caso ainda precisamos refletir mais para se ter conclusão. O que sabemos é que a participação da sociedade e da comunidade atingida sempre deve ser consultada, e os gestores públicos e privados precisam alinhar realidade empresarial com possíveis expectativas sociais.