Caso fosse feito um retrato da última década, seria possível ver o enredo principal da política: a polarização das forças de extrema-direita contra as forças populares e democráticas. Só na última semana observamos duas reviravoltas no cenário mundial: os Trabalhistas voltaram a liderar a política no Reino Unido, com uma vitória esmagadora sobre os conservadores, que deixam o poder após 14 anos. E na França, após um primeiro turno no qual a extrema-direita despontou em primeiro lugar, a frente de esquerda e os partidos do centro conseguiram retomar a dianteira, ganhando no segundo turno. Além disso, é importante lembrar que nos Estados Unidos, Trump lidera as intenções de voto, mesmo depois da derrota nas últimas eleições.
No Brasil, as eleições de 2022 demonstraram as forças vivas e pulsantes na sociedade brasileira que disseram não à reeleição de Bolsonaro, mesmo depois de um cerco violento que a esquerda vinha sofrendo desde o golpe contra a presidenta Dilma. Não podemos esquecer dessa baita vitória, mas também é prudente não esquecer que foi por pouco. A base bolsonarista inclusive tentou golpear o novo governo em janeiro pós-eleição, sem sucesso, mas não devemos achar que dispersaram ou não possuem mais projeto.
É razoável pensar que as eleições municipais podem ser uma espécie de tentativa de reorganização dessas forças conservadoras e extremistas. No lugar de se ocuparem apenas com a presidência da república, estes setores tentarão se enraizar de maneira concreta nos pequenos e médios municípios de todo o Brasil, tentando expandir e potencializar a capacidade de coerção e domínio.
A extrema-direita segue desperta e a esquerda não pode vacilar. As eleições de 2024 trazem uma tarefa central para as forças populares do nosso país: ocupar as câmaras de vereadores e prefeituras com um projeto que aponte para a redução das desigualdades e a garantia de direitos. O Partido dos Trabalhadores está empenhado nessa tarefa. No Brasil e no Ceará, na capital e no interior, o esforço é de unidade pelo fortalecimento dos valores democráticos. Que o exemplo do povo francês alimente nossa esperança e inspire nossas próximas ações.