Neste domingo, 28 de julho de 2024, a Venezuela se encontra em um momento ímpar de sua história política. Neste dia, o país realiza suas eleições presidenciais mais importantes desde a vitória de Nicolás Maduro em 2013. Em um cenário marcado por incertezas, não há como determinar qual força política sairá vencedora do pleito.
O governo de Nicolás Maduro enfrenta críticas severas, tanto domésticas quanto internacionais. A crise econômica, caracterizada pela hiperinflação e pela escassez de produtos básicos, gerou um descontentamento generalizado, com apelo maior na classe média. Os grandes conglomerados de mídia repercutem com bastante ênfase as acusações de autoritarismo e supressão de vozes dissidentes, o que tem minado a legitimidade do governo diante da opinião pública.
Os mesmos meios de comunicação ignoram o impacto das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e aliados. São medidas usadas para inviabilizar o governo Maduro e que tiveram um efeito devastador na economia.
O bloqueio econômico limitou a capacidade do governo de gerenciar a economia e dificultou o acesso do país a mercados internacionais e a recursos financeiros essenciais. O bloqueio das reservas venezuelanas no exterior e as restrições impostas ao comércio de petróleo, principal fonte de receita do país, agravaram ainda mais a crise econômica.
Além disso, a Venezuela enfrentou diversas tentativas de desestabilização, como a do golpe em 2019 e a invasão de mercenários em 2020, ambos apoiados por potências estrangeiras. Apesar de fracassadas, comprometeram a estabilidade política e serviram como justificativa para o endurecimento das medidas de segurança por parte do governo Maduro. Foi nesse cenário que a oposição de direita de cunho neoliberal se fortaleceu. Isso se consolidou
no campo eleitoral.
Edmundo González, candidato da coalizão de direita "Mesa de la Unidad Democrática" (MUD), promete a privatização das riquezas venezuelanas, incluindo a gigante PDVSA. Privatizações dessa magnitude requerem uma reforma constitucional com apoio da Assembleia Nacional e da Suprema Corte, ambas dominadas por chavistas. Para isso, Urrutia teria que fechar o Congresso, acabar com os movimentos sociais e, na prática, dar um golpe de Estado. Nesse contexto, Maduro alertou sobre o risco de um "banho de sangue", já que para vender os ativos do país, Urrutia teria que ultrapassar a linha da institucionalidade.
O resultado das eleições de 28 de julho será determinante para a Venezuela e toda a América Latina. Uma vitória de Maduro pode fortalecer os movimentos de esquerda na região e inspirar uma maior integração regional de cunho bolivariano. Alternativamente, a vitória de Gonzalez pode ampliar a influência estadunidense, em aliança com Milei, na Argentina. Estejamos atentos aos desdobramentos! n