Eu queria poder escrever sobre todas as coisas que eu gosto em você, como os seus dentes sugerem infância sempre que sorri e como é fácil falar sobre as maiores bobagens e repentinamente falar sobre como estão as pessoas e o mundo, digo, em frações de segundo.
Queria poder falar sobre o exato instante em que eu soube que você me pegou de jeito, em que eu tive certeza de que você seria o enredo dos meus versos e o quanto o seu rosto se ilumina quando você sorri.
Eu queria poder dizer que você é um menino grandão, que nem de longe, em uma realidade onde todas as coisas fazem sentido, eu olharia para você. Queria dizer que eu decorei as suas marcas e traços e que eu ouço o que diz, vejo o que faz, ainda que eu não queira, mesmo que muito.
Mas eu vou dizer que eu não me indico para você, que eu sou caótica e a minha vida é um caos. Talvez eu nem seja tão interessante assim, se quer realmente saber.
Vou te dizer que eu estou quebrada e que o meu coração há tempos inundou, me inundou. Eu sou complicada e tudo o que me envolve também é. Eu seria um quebra-cabeça bom, um objeto de estudo talvez, mas conviver comigo é estar submerso aos meus demônios.
Preciso dizer que os meus prós não sobrepõem os meus contras e que quando eu mergulhei no castanho dos seus olhos, eu soube que não seria justo com você. Eu me despi, me expus, joguei as rachaduras sobre a mesa. Estou em pedaços e os hematomas na pele nada se comparam com o da alma.
Ouço músicas tristes porque a tristeza é o único tom que eu conheço. Escrevo porque a poesia é a única língua que eu aprendi, embora não tenha sido ensinada. Perco o fio da meada e não sei se por ser perdida ou se
por está.
Proteja-se de mim.
Eu sou uma crise,
e nem todo mundo sobrevive a uma.