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Eleições municipais pós-pandemia: quais os desafios?
Opinião

Eleições municipais pós-pandemia: quais os desafios?

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Vítor Sandes, Cientista político, professor adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI) (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Vítor Sandes, Cientista político, professor adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI)

As últimas eleições municipais aconteceram em 2020 em um momento muito particular da história brasileira e mundial: no contexto da pandemia de covid-19. Diante da situação de emergência em saúde pública, houve a aprovação da Emenda Constitucional nº 107/2020, que modificou o calendário eleitoral daquele pleito. Com isso, as eleições ocorreram em um período diferente do convencional: o primeiro turno ocorreu no dia 15 de novembro e o segundo turno no dia 29 de novembro, com período de campanha começando no dia 27 de setembro.

Além da mudança no calendário eleitoral, a agenda eleitoral foi tomada por questões que perpassavam os impactos sociais e econômicos da pandemia de covid-19. Em artigo intitulado "Combate à pandemia de covid-19 e sucesso eleitoral nas capitais brasileiras em 2020", publicado na Revista Brasileira de Ciência Política e escrito por mim e por mais três pesquisadores, Helga Almeida, Thiago Silame e Luciana Santana, encontramos que os eleitores tenderam a apoiar eleitoralmente gestões das capitais brasileiras mais bem avaliadas e com baixas taxas de óbitos.

Estudando as eleições de 2020 em todos os municípios brasileiros, Vitor Peixoto, João Gabriel Leal, Larissa Marques e Renato, em artigo intitulado "Reeleição de Prefeitos e o Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 em 2020" e publicado na revista Dados, encontraram que os eleitores não puniram os mandatários de municípios considerando o número de óbito em cada localidade. No entanto, os autores observaram que os prefeitos que buscaram direcionar recursos humanos e materiais no combate à covid-19 foram mais recompensados eleitoralmente.

Em 2020, mais de 60% dos prefeitos foram reeleitos, uma taxa muito superior à de 2016, em torno de 46%. Isso indica que os eleitores tentaram recompensar os mandatários, diante do cenário de instabilidade social e econômica. Ou seja, a pandemia foi um fator relevante nas eleições municipais de 2020.

Diferentemente do pleito anterior, as eleições municipais de 2024 ocorrerão em um contexto político diferente: após os desafios impostos pela pandemia e diante de uma nova conjuntura política nacional. Os eleitores se concentrarão em questões eminentemente locais, e os partidos políticos, mais organizados nacionalmente, buscarão construir bases político-partidárias, tendo em vista as eleições nacionais de 2026. n

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