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Luiz Carlos Diógenes: Confederação do Equador vertida em tintas
Opinião

Luiz Carlos Diógenes: Confederação do Equador vertida em tintas

Um grito de dor, ainda engasgado pela frustração da utopia de emancipação, do jugo imperial, no tórrido Nordeste, será vertido nas tintas do "Coletivo Calçada 20", um grupo de artistas plásticos(as) cearenses que acatou o desafio de explorar, em livres e criativas tintas, a temática das revoluções de 1817 e 1824
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Luiz Carlos Diógenes

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A Confederação do Equador, em solo cearense, está demarcada com sangue de mártires, como o de Pe. Mororó, entre outros, infiltrado nas frouxas areias do Campo da Pólvora, hoje Passeio Público de Fortaleza. Para ficarmos apenas no Ceará confederado, lembremos do sangue de Tristão Gonçalves, esguichado à bala em Santa Rosa, vazado para o Rio Jaguaribe, tingindo para sempre as águas cearenses. Nem mesmo o mar do Castanhão será suficiente para submergi-lo. A mancha de sangue venceu o tempo...

A história da Confederação do Equador no Nordeste brasileiro não se acaba com os fatos idos, pois, por não se bastarem, retornam para prestação de contas ao Tribunal do Tempo. Um grito de dor, ainda engasgado pela frustração da utopia de emancipação, do jugo imperial, no tórrido Nordeste, será vertido nas tintas do "Coletivo Calçada 20", um grupo de artistas plásticos(as) cearenses que acatou o desafio de explorar, em livres e criativas tintas, a temática das revoluções de 1817 e 1824.

A arte não só colocará o passado no banco dos réus, mas também, como juiz dos tempos, expedirá sua sentença simbólica. Além do pedagógico cenário histórico, da motivação para o ensinamento e aprendizado crítico do passado, as 20 telas do Coletivo Calçada 20 imprimirão o intangível e inabdicável valor estético, cumprindo, assim, a sentença de que "a arte existe porque a vida não basta", nos versos do poeta Ferreira Gullar. O bicentenário da Confederação do Equador, no Ceará, ficará lembrado, de mais a mais, pela ação concreta de artistas cearenses.

A exemplo desta galeria de artes plásticas, itinerante, com primeira amostra prevista para o dia 26 de agosto de 2024, por ocasião da Audiência Pública da Assembleia Legislativa, também o teatro protagonizará, pela arte e além dela, no palco, o resgate e o valor político e histórico dos heróis e heroínas cearenses. Estas duas ações no campo das artes plásticas e cênicas são iniciativas da Fundação Sintaf, da Eceiba (Estação de Cultura Ecopedagógica e Instituto Bárbara de Alencar) e do Sintaf, que, juntos, e em estreita parceria com outras entidades, querem contribuir com o fortalecimento da cidadania política e cultural do Nordeste brasileiro. n

 

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