Crato, agosto de 2024. Jornalistas culturais de diferentes estados brasileiros estão reunidos no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo.
Neste momento, nosso Estado é o foco de uma rota que agrupa comunicação e arte. Assim, estamos invertendo o jogo e tirando do eixo Rio-São Paulo o rótulo do "nacional", enquanto o que está fora é regional. Agora, mais do que nunca, a cultura cearense é nacional.
Profissionais de diferentes meios e veículos têm em comum desafios complexos. O primeiro deles é a luta pela preservação de um espaço democrático, plural e crítico para a cobertura cultural. Muitas são as linguagens e caminhos possíveis. A complexidade está em manter a qualidade e o rigor técnico perante todas as acelerações que as dinâmicas profissionais têm pedido.
O palco desse encontro não poderia ser mais adequado. Debater sobre cobertura cultural no Cariri carrega o simbolismo da descentralização e da interiorização do nosso ofício. A provocação é repactuar como agregaremos outras narrativas. Ainda falhamos muito ao reverberar as belezas do Ceará de dentro.
O evento, articulado pelo Instituto Mirante de Cultura e Arte, dá um recado também para o turismo: nossa arte também é ativo para atrair interessados. Os equipamentos do Estado são polos fundamentais para entender e sentir melhor a região em que vivemos. Visitar a praia é sempre um bom negócio, mas os turistas ganharão muito com a inclusão em larga escala das visitas aos centros culturais.
Impresso, televisão, podcast, portal, comunicação comunitária: muitas são as maneiras de encontrar o outro com o potencial de temas do campo da sensibilidade. Em tempos de brutalidade e superficialidade, as pautas artísticas são oásis.
Cobrir cultura é acompanhar os movimentos políticos, econômicos, das cidades, das tecnologias, das questões ambientais e tantos outros. Diante de tantos universos, o jornalismo cultural ganha mais e mais sentidos ao promover intersecção de assuntos tão relevantes.
Enquanto os debates ganham forma aqui no Cariri e jornalistas de diferentes gerações são impactados, a esperança é de que o Ceará se firme, de vez, como referência para o jornalismo cultural do
agora e do amanhã. n