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Azuhli, Sérvulo, o trabalho e o sonho
Opinião

Azuhli, Sérvulo, o trabalho e o sonho

Apesar de terem propostas criativas diferentes, Azuhli e Sérvulo nos ensinaram muito sobre o amor à arte.
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FORTALEZA, CE, BRASIL, 10.02.2020: Foto de atualização do cadastro. Paulo Renato Abê  (foto: Thais Mesquita/O POVO) (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, BRASIL, 10.02.2020: Foto de atualização do cadastro. Paulo Renato Abê (foto: Thais Mesquita/O POVO)

No próximo sábado, 24 de agosto, o Ceará viverá dois grandes momentos de celebração da cultura: mais uma edição do Festival Zepelim, em Fortaleza, e o lançamento da exposição "Esse é Sérvulo Esmeraldo", no Centro Cultural do Cariri, no Crato.

Na terceira edição do evento musical realizado no Marina Park, O POVO e o Vida&Arte serão anfitriões de um espaço superespecial que tem como homenageada uma artista cujas cores vibram na nossa memória e coração: Azuhli (1995-2024).

Lá no Cariri, o equipamento cultural grandioso (certamente um dos mais interessantes do País) leva o nome de Sérvulo (1929-2017), nosso gigante menino do Crato. Agora, por meio da articulação preciosa da curadora Dodora Guimarães, o cearense que brilhou mundo afora volta para sua terra em rica exposição.

Apesar de terem propostas criativas diferentes, Azuhli e Sérvulo nos ensinaram muito sobre o amor à arte.

Lá em 2013, ao lado dos colegas do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará, tive a chance de aprender muito com Sérvulo. Produzimos, com a orientação do professor Ronaldo Salgado, a 30ª edição da Revista Entrevista e o artista foi um dos destaques do trabalho acadêmico.

Em sua casa, cercado por dez estudantes curiosos, Sérvulo deu uma longa entrevista sobre sua vida. No meio da conversa, porém, precisou um tempo. Não sabemos bem o que despertou aquilo, mas ele teve uma inspiração. "Me deem um tempinho, preciso trabalhar", pediu, educadamente.

Ele, então, se afastou e, por cerca de 20 minutos, rabiscou uma nova obra. Assistir ao mestre trabalhar me emocionou. Sobretudo pelo compromisso de não deixar uma inspiração passar. Pensar na exposição que o Cariri receberá me faz imaginar todas as vezes em que Sérvulo priorizou o próprio trabalho como fez naquela tarde, há onze anos.

Já Azuhli me comove quando penso na obra "enquanto o sonho durar", trabalho que estampou capa temática do O POVO, em 2021, no projeto "Nosso papel é arte". 

Em entrevista por ocasião da homenagem, a jovem falou: "As pessoas, por alguns segundos, se veem naquela obra como um reflexo de espelho. E isso é o que me faz querer produzir todos os dias, esse diálogo intenso e silencioso".

Agora, intensa e silenciosa, a artista permanece. Neste animado 24 de agosto, enquanto muitos cearenses celebrarão a cultura de diferentes formas, Sérvulo e Azuhli estarão, de uma ponta a outra do Estado, vibrando entre a gente.

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