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Rodrigo Chaves de Mello: O que indicam os vices em Sobral?
Opinião

Rodrigo Chaves de Mello: O que indicam os vices em Sobral?

Balanceando as candidaturas, os vices podem ser decisivos tanto na cristalização de eleitores já simpáticos a uma chapa quanto na busca dos ainda resistentes a seus protagonistas
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Rodrigo Chaves de Mello. Cientista Social, professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú e pesquisador do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso). (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Rodrigo Chaves de Mello. Cientista Social, professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú e pesquisador do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso).

Atrações principais do espetáculo eleitoral, são os titulares que atraem o brilho dos holofotes. Mas, no jogo de luz e sombras, outros personagens merecem atenção. Balanceando as candidaturas, os vices podem ser decisivos tanto na cristalização de eleitores já simpáticos a uma chapa quanto na busca dos ainda resistentes a seus protagonistas.

O que os candidatos a vice-prefeito podem nos indicar sobre as eleições de Sobral?

Paulo Flor, que compõe a chapa da situação, é professor concursado da educação básica. Ele se forjou no catolicismo de base e no movimento estudantil. Homem, negro, morador da periferia, é quadro histórico e atual presidente do diretório do PT municipal. Primeiro suplente na Câmara, assumiu a vereança por alguns meses em 2023.

Imaculada Adeodato, da chapa da oposição, é odontóloga. Mulher, branca, filha de família tradicional na política municipal, estudou nos colégios sobralenses da diocese. Católica, não raro suas falas enaltecem a cúpula religiosa da cidade. Filiada ao MDB, seus passos políticos ligam-se aos de seu marido, importante referência no legislativo municipal.

Uma mulher e um homem, um negro e uma branca. O bairro periférico versus a família tradicional, o catolicismo de base versus as hierarquias diocesanas. Contrastantes, os perfis parecem encomendados para comunicar mensagens distintas aos eleitores.

Consolidando em Sobral a aliança PT e PSB, articulação decisiva nos planos federal e estadual, Paulo Flor traz os movimentos sociais e reforça a educação como carro-chefe da sua chapa. Já Imaculada Adeodato recalibra as relações de gênero no âmago da oposição. Profissional da saúde, faz lembrar que os desafios da cidade não estão apenas na educação. Sua biografia agrega à chapa o peso de uma tradição política que remonta a eras anteriores ao ciclo da hegemonia dos Ferreira Gomes, apostando na força do passado para iluminar o futuro.

Estrategicamente laterais, mas absolutamente indispensáveis, a atuação dos vices pode indicar para onde os fiéis da balança penderão na disputa. Detalhes importam e podem definir eleições.

 

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