As eleições de 2024 em Juazeiro do Norte, maior colégio eleitoral do Interior cearense, entrarão para a história antes mesmo do resultado das urnas. O pleito a ocorrer em outubro será o último com possibilidade de ser decidido em turno único. Com 199,2 mil eleitores aptos a votar, a cidade ficou a 800 pessoas de atingir os 200 mil votantes, patamar mínimo para que haja 2º turno. Em 2028, certamente, a marca será superada.
A mudança de formato era aguardada já para a disputa deste ano, mas foi adiada após a consolidação dos dados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho passado. Sem a chance de um "segundo tempo", os quatro candidatos na corrida pelo Paço juazeirense vão para o tudo ou nada em 6 de outubro, data em que conheceremos o (a) último (a) ganhador (a) de eleições majoritárias na cidade nessa atual configuração.
O prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) e o deputado estadual Fernando Santana (PT) polarizam a disputa. O primeiro, naturalmente, por estar no exercício da função, chega competitivo para a disputa. O segundo, antes candidato a prefeito na vizinha Barbalha — 2016 — é a aposta dos próceres petistas no Ceará para retomar o controle da Prefeitura mais importante fora da Capital e Região Metropolitana.
A depender da escolha do eleitor, a importância histórica das eleições vindouras aumenta. Juazeiro do Norte nunca reelegeu prefeito. Desde a redemocratização do País, nenhum gestor municipal ficou mais de quatro anos consecutivos no comando do Poder Executivo. O último a entrar para as estatísticas foi Arnon Bezerra, em 2020, derrotado por Glêdson, que agora tenta quebrar esse tabu.
Pesquisa AtlasIntel divulgada pelo O POVO no dia 19 de agosto, na largada da campanha, mostrou o prefeito na dianteira, com 54,3% das intenções de voto contra 38,1% de Fernando. Apesar da dianteira de quase 17 pontos percentuais, a campanha de Glêdson aparenta não ter caído na euforia. A razão é óbvia: o jogo ainda está no começo. É por igual motivo que não há clima de desânimo entre os aliados de Santana.
Na Terra do Padim, os padrinhos políticos são o trunfo do candidato do PT para conquistar o eleitor. Não à toa, Fernando repete exaustivamente os nomes do presidente Lula, do governador Elmano de Freitas e do ministro da Educação Camilo Santana, este último, segundo a pesquisa mencionada, com 80% de avaliação positiva entre o eleitorado juazeirense.
Por outro lado, Glêdson tenta se descolar da imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) —em quem o candidato votou no segundo turno das eleições de 2022, cuja rejeição bate a casa dos 78% em Juazeiro, de acordo com a pesquisa.
Com a campanha polarizada, o clima de acirramento deve permanecer até a ida do eleitor às urnas. Independentemente do resultado, ele será histórico, seja a virar uma página (a da não reeleição) ou a manter uma tradição (a de não reeleger prefeitos).