Seria o Horário Eleitoral na TV e no Rádio um elefante branco, o resquício de um modo de fazer política em decadência? Numa sociedade em que os indivíduos se informam cada vez menos pela programação televisiva aberta e pelo rádio - e na qual a credibilidade destes mecanismos de comunicação é menor do que dos veículos vinculados a redes sociais e a internet como um todo - a manutenção de subsídios governamentais para a execução deste tipo de serviço parece uma forma extremamente ineficiente de investimento do dinheiro público.
A isenção fiscal a empresas de comunicação que destinam espaço na sua grade de programação para as inserções partidárias ao longo de quatro anos, e ao horário eleitoral a cada dois anos, ultrapassa a cifra de um bilhão de reais. A viabilidade financeira de um considerável quantitativo de empresas de comunicação - televisivas e radiofônicas - depende diretamente destes recursos, logo, a defesa enfática, e até certo ponto, uma propaganda sobre a importância do horário eleitoral nestes meios de comunicação parece muito mais uma busca pela manutenção da verba pública do que uma crença na relevância factual desse procedimento eleitoral. É bem verdade que os limites dos impactos da TV e do Rádio estão diretamente associados a critérios de acesso a serviços de internet de qualidade.
Menos de um terço dos brasileiros tem acesso pleno à internet - isto é, conseguem acesso diário - em razão disso, municípios inteiros e grandes distritos ainda convivem com a determinante influência do Rádio em seus processos eleitorais. Destaque-se, todavia, uma questão central: o serviço radiofônico no interior é majoritariamente feito por rádios comunitárias e/ou ilegais o que agudiza ainda mais a influência de setores políticos tradicionais neste meio de comunicação.
Diante desse quadro, deve-se reconhecer que, num processo acirrado e com previsão de segundo turno - como acontece na capital e nos grandes colégios eleitorais cearenses - o uso da TV e Rádio deve fazer diferença na reta final da busca por votos decisivos.