Taíba, 18/06/2022
Considerando as sete décadas bem vividas, eis-me aqui cheia de gratidão expondo o que me vem num dia bom, tão bom que considero oportuno transmitir para tempos futuros, a consciência que tenho sobre a finitude. Não estou triste, nem eufórica, tão pouco desiludida, apena consciente e grata por estar registrando esse momento de compreensão, percepção interior e proximidade com o sentimento que de forma mais abrangente de perceber e refletir sobre a estadia nesse espaço tão especial, esse mundão plural, repleto de concepções, definições, teorias variadas, e que nos traz a oportunidade de viver uma experiência espetacular de se ver, apreciar e viver intensamente em toda sua complexidade. Olhar para trás e ver o caminho percorrido, fazer uma retrospectiva dos erros, acertos, alegrias, tristezas, decepções, e sentir o fortalecimento através desses elementos vividos, e nos encontrarmos num estágio onde ainda existe o medo, a coragem, a disponibilidade, a renúncia, mas também uma grata tranquilidade, acompanhada de uma advertência que naturalmente acompanha a maturidade.
Nesse momento chegou Luíza, minha neta, junto da rede onde eu estava, na varanda, e perguntou: "O que você está escrevendo, vovó"? — Uma simples descrição do que estou com vontade de deixar para um dia você ler, respondi. Ela riu e saiu. São pensamentos acompanhados de sentimentos, não triste e nem fúnebres. Não! Mas bem cônscios do que é finito. É compensador podermos avaliar o que é nossa vida, repleta de tentativas, práticas assertivas, errôneas, divertidas, alegres, tristes, amáveis, insatisfeitas, uma gama de momentos vividos com intensidade, ou não, que com o tempo nos pegamos fazendo uma retrospectiva e avaliações mais atentas. É bom viver, é ótimo! Com todas suas contradições, viver é empolgante, é a essência do ser humano. Ao longo do tempo vamos perdendo seres queridos, alguns acontecimentos que não se pode mudar, e como resultante de fatos inexoráveis, nos aproximamos da realidade e da nossa incapacidade diante
do futuro.