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Germana Belchior: Propósito público e cidadania fiscal
Opinião

Germana Belchior: Propósito público e cidadania fiscal

Quando as instituições atuam com propósito e os cidadãos exercem sua cidadania fiscal, cria-se um ciclo virtuoso de confiança e colaboração. O tributo passa a ser não apenas o preço da cidadania, mas também a essência para se viver em sociedade
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Germana Belchior

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A palavra "Ikigai", de origem japonesa, pode ser traduzida como "razão de ser" ou "aquilo que dá sentido à vida". O autor Ken Mongi propõe uma mandala Ikigai, representação visual que combina quatro elementos fundamentais para encontrar o propósito de vida: o que você ama fazer (paixão), o que o mundo precisa (missão), pelo que você faz que pode ser pago (profissão) e no que você é bom (vocação). Cada área é aspecto fundamental para descobrir e viver o seu propósito, que se dá pela convergência desses elementos.

Quando falamos de propósito público, percebemos que ele é o direcionamento das habilidades e desejos individuais para causas que beneficiem a sociedade. Pode ser visto como a aplicação prática do Ikigai com um foco maior na coletividade, por meio do exercício da cidadania.

A noção de cidadania fiscal ainda é precária em países como o Brasil, em que a maioria dos cidadãos, por ausência de conscientização política, não verifica como ocorre a aplicação das receitas provenientes de tributos. O que dá margem para que o dinheiro público seja mal aplicado ou ainda desviado da finalidade.

Quando as instituições atuam com propósito e os cidadãos exercem sua cidadania fiscal, cria-se um ciclo virtuoso de confiança e colaboração. O tributo passa a ser não apenas o preço da cidadania, mas também a essência para se viver em sociedade. Órgãos de administração tributária com propósito público genuíno têm maior probabilidade de ganhar a confiança dos cidadãos, que, por sua vez, se tornam mais dispostos a cumprir suas obrigações tributárias e a participar ativamente na vida cívica.

O fortalecimento do propósito público não é apenas uma questão ética ou de responsabilidade social. É um imperativo para a sobrevivência das nossas democracias e para o avanço de sociedades mais justas e equitativas. Ao abraçar esses valores, podemos construir um futuro em que o bem-estar coletivo seja prioritário e a justiça social torne-se efetivamente uma realidade. Desenvolver a educação fiscal é um pacto permanente com a cidadania, prática necessária para quem tem verdadeiro compromisso com o propósito público.

 

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