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Sergio Leitão: R$ 96 bilhões esquecidos pelo BNB
Opinião

Sergio Leitão: R$ 96 bilhões esquecidos pelo BNB

Políticas para serem executadas não faltam. Uma delas é incentivar uma infraestrutura natural para que o Nordeste enfrente a emergência climática, que só vai agravar o drama da seca. É preciso investir para replantar 1 milhão de hectares da Caatinga que foram desmatados
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Sergio Leitão. Diretor executivo do Instituto Escolhas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Sergio Leitão. Diretor executivo do Instituto Escolhas.

O Banco do Nordeste (BNB) tem em seus cofres - segundo estudo do Instituto Escolhas - R$ 96 bilhões que deveriam ser destinados para o desenvolvimento sustentável da região. Esse recurso vem do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, criado para reduzir as desigualdades regionais. Mas o banco, seu administrador, não consegue empregar o dinheiro, lhe restando entesourar os bilhões.

Em 1952, o BNB foi criado para aplicar a Lei 1.004/1949 (Lei Sarasate), que "estabelecia uma quota orçamentária do valor arrecadado anualmente pela União - nunca inferior a 3% do total - para aplicação em plano de defesa contra a seca". Rômulo de Almeida Magalhães, primeiro presidente do BNB, afirmava que ele garantia "uma certa independência do ponto de vista financeiro na formulação e na execução da política regional". Para isso, o mais difícil já existe, que são os recursos, mas é preciso que o presidente do banco, seus técnicos, os governadores, o empresariado e os movimentos sociais se juntem para fazer com que sejam investidos.

Políticas para serem executadas não faltam. Uma delas é incentivar uma infraestrutura natural para que o Nordeste enfrente a emergência climática, que só vai agravar o drama da seca. É preciso investir para replantar 1 milhão de hectares da Caatinga que foram desmatados, estimulando uma economia da restauração de vegetação nativa, com potencial de gerar 465 mil empregos e produzir 7 milhões de toneladas de alimentos.

Investir na "plantação técnica e intensiva de árvores próprias à ecologia regional" é, inclusive, uma das atribuições do BNB, de acordo com o artigo 8º da lei que o criou. Isso justifica, e pede, o seu apoio a municípios, estados, comunidades rurais e iniciativa privada para a execução de projetos que recuperem o que foi desmatado.

Até porque, é inaceitável que fiquem adormecidos em seus cofres os recursos que deveriam beneficiar o povo nordestino, justamente para que não se tomem como verdadeiros os presságios de quem não via na criação do banco "nenhuma probabilidade de êxito", algo que só iria "onerar, tremenda e inutilmente a Nação".

 

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