Cresci ouvindo dizer que o Brasil é um país de contradições. Hoje, aos sessenta e poucos anos, não sei se verei mudança. No âmbito do ensino-aprendizagem existe uma sinuosa questão daquilo que é convencionalmente propagado como "indispensável", mas, de outro modo, há uma incúria na utilização do avanço da ciência em favor do bom exercício de ensinar. É inegável que o salário do professor é pouco, que a estrutura física da escola é desumanizada, ademais, aqueles outros entraves que existem.
Fico preocupado com aquela práxis na educação; e, digo isto, não só pelas mazelas construídas até aqui; também pela falta de sapiência na relação entre professor e aluno, frente aos desafios da arte afetiva como ensinança. É fato que as ciências têm contribuído para o processo do saber. Será que avaliar tem um fim em si mesma? Por outro lado, o 'erro' numa 'prova' deve servir de visão na inserção social e pedagógica para caminho e diagnóstico diversificado, do qual o educador possa estar descobrindo, empoderando e usando de "novas estratégias e ferramentas" para alcançar àqueles outros pela sua ponderação.
A aprendizagem não é algo pessoal? Penso, onde ficaram Piaget, Vygotsky, Freud, Wallon, Paulo Freire, Gardner, a Neurociência? Recentemente, me deparei com um estudante entristecido por tirar uma nota baixa numa determinada disciplina. Depois, descobri que ele era novato na escola, não tinha participado de nenhuma aula daquele professor, não tinha recebido sequer os livros! É complicado no cenário de desapego e desapreço pela educação o professor dar-se ao luxo de não ter a visão mais qualificada de seu aluno. Toda relação que não tem sabedoria provoca o seu decesso.
Como quimera, evoco àquela luz que está na Constituição Cidadã/88, em que pessoas colocadas em situações diferentes sejam tratadas de forma desigual: "dar tratamento isonômico às partes significa tratar os igualmente iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de sua desigualdade". É desafiador ser professor. É alucinante não ver os pormenores do sujeito cognoscente.