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Camila Arraes: O bolsonarismo para além de Bolsonaro
Opinião

Camila Arraes: O bolsonarismo para além de Bolsonaro

Apesar de o bolsonarismo ser profundamente personalista, à medida que Jair Bolsonaro enfrenta desafios políticos e judiciais, o movimento pode encontrar em Pablo Marçal uma figura que continua sua agenda com uma nova roupagem
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Camila Arraes

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Nos últimos anos, a ascensão do bolsonarismo redefiniu o cenário político brasileiro. Embora Bolsonaro tenha sido o catalisador da direita radical no Brasil, a base ideológica parece perpetuar mesmo sem sua presença ativa na política. Nesse contexto, surge uma nova figura: Pablo Marçal. Conhecido no ambiente digital como coach e empreendedor, ele tem expandido sua influência para o campo político. Com a defesa de valores conservadores, utiliza uma retórica religiosa e patriótica que atrai eleitores insatisfeitos com a política tradicional, que buscam uma continuidade do discurso de "renovação" e "moralidade" de Bolsonaro. No entanto sua abordagem difere: enquanto Bolsonaro se firmou como "mito", Marçal se apresenta como um líder de "autossuperação" e "empreendedorismo".

No dia 07 de setembro de 2024, o crescimento do candidato a prefeito por São Paulo ficou evidente. Em evento organizado por Bolsonaro e Silas Malafaia, o grupo de pesquisa Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, realizou entrevista com 582 pessoas na avenida Paulista que, quando questionadas sobre quem se identificava mais com Bolsonaro, 75% disseram que seria Marçal contra 8% que acreditavam ser Ricardo Nunes.

Apesar de o bolsonarismo ser profundamente personalista, à medida que Bolsonaro enfrenta desafios políticos e judiciais, o movimento pode encontrar em Marçal uma figura que continua sua agenda com uma nova roupagem. Apesar disso, o caminho parece ser longo. De acordo com a pesquisa realizada pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, se Bolsonaro não puder ser candidato, o nome que o melhor se encaixaria para concorrer à presidência da República seria o do atual governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas; em seguida Michele Bolsonaro em segundo lugar, aparecendo o nome de Marçal na terceira posição.

O fato é que a perpetuação do bolsonarismo sem Bolsonaro é uma realidade que começa a se materializar. Pablo Marçal surge como um protótipo de uma nova liderança que pode dar continuidade ao movimento da direita radical no Brasil. Embora desafios existam, uma parte do eleitorado de direita já vem se mostrando simpática a essa figura que, com sua visão de "autossuperação", pode estar no caminho para se consolidar como o novo representante desse espectro político.

 

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