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Fortaleza: entre a preservação e o futuro
Opinião

Fortaleza: entre a preservação e o futuro

A restauração de edificações históricas vai além da mera estabilidade estrutural. Visa a preservação da memória, conectando a cidade com suas raízes e identidade. É uma prática sustentável, pois restaurar preserva recursos e reduz o impacto ambiental em comparação com a demolição e reconstrução
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Wirton Pereira. Professor de patologia das estruturas de concretoII no INBEC. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Wirton Pereira. Professor de patologia das estruturas de concretoII no INBEC.

Fortaleza, capital do Ceará, está em constante transformação. Edificações de concreto armado, erigidas nas últimas quatro décadas, agora dominam o cenário urbano. No entanto, uma viagem pelo tempo revela um rico passado arquitetônico.

Trabalhando na área de patologia das estruturas, sou frequentemente solicitado para inspecionar construções que apresentam fissuras e desplacamentos. Esses sintomas são alarmantes, especialmente quando se trata da segurança das edificações. A preservação dessas estruturas não é apenas uma questão de estabilidade, mas de memória e identidade.

Antes da era do concreto armado, Fortaleza era marcada por tipologias arquitetônicas diversas. O aço, por exemplo, é um material versátil presente no Mercado Central e no Teatro José de Alencar. A madeira, elegante e resistente, compõe casas coloniais e sobrados, como a Casa de José de Alencar. Já a pedra e a alvenaria, símbolos da história, são a base de igrejas, fortes e sobrados, como a Catedral Metropolitana e o Forte Nossa Senhora da Assunção.

Em julho de 2024, participei de uma imersão na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde aprendi técnicas de recuperação e preservação de estruturas antigas. A análise detalhada dessas construções é crucial para sua revitalização, para compreender os materiais, técnicas e a época de construção dita o processo de restauração.

A restauração de edificações históricas vai além da mera estabilidade estrutural. Visa a preservação da memória, conectando a cidade com suas raízes e identidade. É uma prática sustentável, pois restaurar preserva recursos e reduz o impacto ambiental em comparação com a demolição e reconstrução. Além disso, valoriza culturalmente a cidade.

Fortaleza é uma cidade jovem com um passado arquitetônico rico. Abraçar o desafio de preservar sua história enquanto se projeta é essencial. A cidade deve continuar a evoluir, mas sem esquecer suas origens. Preservar e restaurar suas edificações históricas é uma maneira de honrar o passado e garantir que as futuras gerações conheçam e apreciem a rica herança arquitetônica de Fortaleza. Assim, a capital cearense poderá se destacar não apenas por suas novas construções, mas também pelo respeito e cuidado com sua história. n

 

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