Logo O POVO+
Renata Marinho Paz: A respeito de medidas contra o feminicídio
Opinião

Renata Marinho Paz: A respeito de medidas contra o feminicídio

Gostaria de poder dizer que o perigo está nos espaços públicos, mas o machismo entranhado em nossa realidade e a naturalização da violência nos alcança em casa, lugar onde deveríamos estar seguras e acolhidas
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Renata Marinho Paz, doutora em Sociologia (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Renata Marinho Paz, doutora em Sociologia

O mundo é hostil para as mulheres. Gostaria de poder dizer que o perigo está nos espaços públicos, mas o machismo entranhado em nossa realidade e a naturalização da violência nos alcança em casa, lugar onde deveríamos estar seguras e acolhidas.

As notícias veiculadas nos últimos dias foram estarrecedoras e mostram, mais uma vez, que a violência de gênero atravessa todas as classes e que os violadores, não raro, são pessoas próximas: a atleta olímpica foi queimada pelo ex-companheiro; o marido drogava e agenciava os estupros sistemáticos à esposa.

Dados da Agência Brasil de 2023 apontam que, no país, uma mulher morreu a cada quinze horas em razão de seu gênero pelas mãos de parceiros ou ex-parceiros. Não entram nessa conta ameaças, assédio, ofensas e agressões.

O Projeto de Lei 42.666/23, que aumenta a pena dos crimes de feminicídio dos atuais 12 a 30 anos para 20 a 40 anos, aprovado recentemente pelo Congresso Nacional e que aguarda a sanção presidencial é um passo pequeno diante deste grave problema social, mas não deixa de ser um avanço.

É preciso mais. Quando se discute educação sexual nas escolas e, consequentemente, questões associadas à temática de gênero, é também com o objetivo de viabilizar o entendimento das estruturas e modelos que naturalizam a percepção das mulheres como objetos, como coisas que pertencem aos homens e que, quando decidem romper com relações que as maltratam e as subjugam, podem se tornar alvos da violência masculina.

Não espanta que a manipulação das questões acima mencionadas, por meio do que resolveram chamar de ideologia de gênero, continue sendo seja uma arma política eficaz, ao lado do uso de pautas morais baseadas no machismo e na misoginia. É preciso sair disso.

 

O que você achou desse conteúdo?