Saúde, educação, mobilidade, segurança etc. Se com muitas agendas que se faz uma cidade, poucos momentos são tão adequados para discuti-las como os eleitorais. Aproximando representação política e opinião pública, o ritual eleitoral abre caminhos para que a sociedade pondere sobre as escolhas do passado e recalcule as rotas ao futuro.
Mas nas eleições de Sobral tal oportunidade tem sido maltratada. Do amplo leque de questões, apenas uma parece digna de destaque: a taxa do lixo.
É um movimento tático. Ciente de sua difícil missão, a oposição preteriu outras pautas e encampou esse imposto como epicentro da campanha. Prometendo liquidá-lo no primeiro dia de governo, a jogada tem sido apresentá-lo como politicamente desnecessário e socialmente cruel. Sobre as demais políticas, pouco se fala.
A jogada tem surtido efeito, atingindo, a um só tempo, o prefeito e sua candidata. E as respostas não tem sido das melhores.
Antevendo mau tempo à frente, Ivo Gomes correu às redes para anunciar medidas voltadas a recalibrar o tributo, alterando a forma da cobrança e indenizando os cidadãos lesados. Sentindo o recuo, a oposição avançou, questionando: se pôde agir agora, por que não o fez antes?
Mas o drama maior parece estar no interior da campanha de Izolda Cela. Ao receber o espólio da gestão que se finda, a candidata tem tido dificuldade em superar a questão. Evitando criticar o prefeito, mas buscando uma carta na manga, sua resposta foi fixar a taxa em dez reais, isentando os registrados no CadÚnico. Frente à proposta de extinção do tributo do adversário, sua oferta, mesmo que enxuta e posta em valores mínimos, padece de encanto eleitoral.
Triunfando em sua única jogada, a oposição bloqueou a discussão em Sobral, amarrando a disputa a seus termos. A reação cabe à candidatura de Izolda. Romper com esse samba de uma nota só e trazer outras pautas ao centro do debate é o desafio mais imperioso de sua campanha. Ao bem do ritual eleitoral, resta saber se terá tempo e virtù para fazê-lo.