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Nathana Garcez: Um futuro incerto
Opinião

Nathana Garcez: Um futuro incerto

O isolamento da Venezuela é crescente. Mesmo governos de centro-esquerda, como Brasil e Colômbia, que antes mantinham uma postura mais próxima, agora expressam preocupações sobre a legitimidade do governo Maduro
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Nathana Garcez, doutoranda em Relações Internaiconais (Foto: Marcelo Freire)
Foto: Marcelo Freire Nathana Garcez, doutoranda em Relações Internaiconais

Ainda nessa segunda-feira (23) os tribunais venezuelanos foram o centro de mais uma crise diplomática. O Tribunal Supremo de Justiça emitiu uma ordem de prisão para o presidente argentino Javier Milei pelo confisco ilegal ou roubo do avião de carga venezuelano e entrega aos EUA. Em retaliação, a justiça argentina ordenou a prisão de Nicolás Maduro para ser interrogado no âmbito de um processo por violações de direitos humanos em seu país.

Em 2024, a Venezuela enfrenta uma grave crise política após a reeleição contestada de Nicolás Maduro, com acusações de fraude que aprofundaram a polarização interna e provocaram respostas internacionais. Países como Argentina, Chile e Peru retiraram suas representações diplomáticas do país. A resposta Venezuela foi o rompimento das relações com esses países, alegando interferência externa e alinhamento com os interesses dos EUA. O isolamento do país é crescente. Mesmo governos de centro-esquerda, como Brasil e Colômbia, que antes mantinham uma postura mais próxima, agora expressam preocupações sobre a legitimidade do governo Maduro, embora sem romper totalmente as relações diplomáticas.

Essa nova crise eleitoral também reforça o padrão de repressão interna. Protestos contra o governo de Maduro, que ocorreram após o anúncio dos resultados, foram respondidos com repressão policial severa. O candidato a presidente opositor também foi condenado à prisão e buscou refúgio na embaixada espanhola. A crise humanitária, com a hiperinflação e a migração massiva de venezuelanos para países vizinhos, continua a criar tensões regionais, especialmente em países como a Colômbia e o Brasil, que lidam com o influxo de refugiados.

O isolamento diplomático da Venezuela, agravado pelo rompimento com vários países latino-americanos, contrasta com o fortalecimento de alianças estratégicas com potências como Rússia, China e Irã. Essas parcerias são essenciais para o governo Maduro contrabalançar as sanções impostas pelos EUA e pela UE, que continuam a sufocar a economia do país. Em 2024, a crise política se aprofunda, com eleições contestadas, descontentamento popular e um regime que, apesar de manter o controle sobre instituições e forças armadas, enfrenta desafios externos crescentes e um futuro incerto, devido à perda de apoio internacional e questionamentos sobre sua legitimidade. n

 

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