Por anos, militei como advogado nas cidades do Sertão Central, junto aos sindicatos dos trabalhadores rurais. Hoje, aposentado, retorno à minha cidade natal, Senador Pompeu, para visitar os velhos amigos e sacudir as lembranças de alguns fatos históricos e políticos do nosso povo. Nesta época de tensões eleitorais, não faltam os comícios, um "prato feito" para quem gosta de estudar as contradições nas posturas e nos discursos dos agentes envolvidos.
No dia 20 de setembro, o Comitê Pró-Árvore de Senador Pompeu comemorou o Dia da Árvore, com palestras ministradas pelo professor Adriano Bezerra, o advogado Valterclides Pires e o empresário Júnior Pedrosa. Sob o título "A importância das árvores para o bioma da caatinga", as palestras foram realizadas no auditório da Unopar para um público de estudantes, professores, trabalhadores rurais e sitiantes. Mesmo com a boa divulgação do evento, os candidatos a prefeito e a vereador não apareceram. Nenhum candidato parece trazer como pauta a defesa do meio ambiente, apesar dos processos de desertificação que nossa região vivencia.
Outra novidade que se presta a uma boa conversa é a ferrovia transnordestina que passa às margens de Senador Pompeu. Após o atual prefeito, Maurício Pinheiro, ter declarado que o Porto Seco deveria instalar-se em Quixeramobim, foi necessário o Governador do Ceará, Elmano de Freitas, em entrevista ao jornal O POVO, afirmar que "Senador Pompeu tem potencial para instalar o Porto Seco". Em seguida, alguns profissionais liberais escreveram artigos estranhando o silêncio dos deputados que são votados em Senador Pompeu a respeito do referido assunto.
Ao que tudo indica, os artigos e os comentários nas redes sociais surtiram efeito. No comício do Partido dos Trabalhadores, em prol do candidato a prefeito Luizinho do Inharé, o deputado federal José Guimarães destacou que, caso Luizinho seja vitorioso, ele garante que, com seu prestígio de líder do governo na Câmara Federal e amigo do Lula, o Porto Seco será instalado em Senador Pompeu. A multidão presente aplaudiu com euforia, haja vista o histórico de serviços prestados pelo deputado federal à região.
Pelas ruas, pelos bares e os cafés, a esperança no desenvolvimento da cidade parece ter retornado aos tópicos das conversas. Ainda assim, um fato não me sai da cabeça. O deputado José Guimarães, talvez já emocionado pelo calor da situação, acrescentou, ao final de seu pronunciamento: "E se o Luizinho não for eleito, eu não farei nenhum esforço para o Porto Seco ficar em Senador Pompeu". Pouco antes ele havia declarado amor à população de Senador Pompeu. Precisava ter feito tal declaração?