A possibilidade de um acordo de paz entre Israel e as autoridades palestinas parece cada vez mais distante. A tentativa de 2008 fracassou e quinze anos depois os palestinos sofrem as consequências do temperamento beligerante do atual governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu.
A resposta militar de Israel ao ataque do Hamas em 7 de outubro causou a morte de mais de 41.000 palestinos, a maioria civis, de acordo com autoridades locais de saúde. Israel acusa o Hamas de usar a infraestrutura civil - incluindo escolas e hospitais - para conduzir operações militares, o que tem levado à destruição de diversos sistemas vitais à população.
O relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, publicado em julho, revela que a economia do Território Palestino Ocupado foi reduzida a menos de um sexto de seus níveis de 2022. O resultado é de calamidade humanitária em Gaza e colapso quase irreversível da vida cotidiana para milhões de palestinos.
Ministros de partidos da direita israelense expressam resistência a qualquer proposta de trégua e, embora significativamente enfraquecido, o Hamas ainda não foi derrotado. O cenário, que já era de incertezas, aponta para um conflito regional mais amplo, com a escalada das ofensivas mais ao norte do país, na fronteira com o Líbano, entre Israel e o Hezbollah.
A organização política e paramilitar libanesa, apoiada pelo Irã, afirma que prosseguirá suas investidas militares até que um cessar-fogo seja negociado entre Israel e Hamas. Israel, por sua vez, anuncia uma "nova fase da guerra", lançando ataques retaliatórios que resultaram no período mais mortal para o Líbano desde 2006.
Apesar das crescentes demandas internacionais pela interrupção imediata das violências e a busca por resoluções diplomáticas, Netanyahu, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, prometeu atacar o Irã e seus aliados em qualquer lugar do Oriente Médio.
O aniversário do massacre de 7 de outubro se aproxima. Com o ressentimento entre as partes tão arraigado e inflamado, as perspectivas de reconciliação e a solução de "dois Estados" estão mais distantes do que nunca. Os envolvidos no conflito até podem sobreviver como Estado, mas, sem a capacidade de ver a humanidade no outro, o que eles realmente serão? E o que restará?