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Tiago Guimarães: Repensando o controle da dívida pública brasileira
Opinião

Tiago Guimarães: Repensando o controle da dívida pública brasileira

Celso Furtado, renomado economista, destacava que o problema não é a dívida em si, mas como ela foi contratada. Ou seja, a forma como o Brasil lida com sua dívida tem implicações diretas no seu desenvolvimento econômico e social
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Tiago Guimarães. Coordenador de Estudos e Pesquisa da  Associação de Jovens Empresários de Fortalez (Aje) e conselheiro dos Jovens Leitores do O POVO. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Tiago Guimarães. Coordenador de Estudos e Pesquisa da Associação de Jovens Empresários de Fortalez (Aje) e conselheiro dos Jovens Leitores do O POVO.

O sistema tributário brasileiro é conhecido pela sua complexidade e pelos desafios que impõe ao crescimento brasileiro. Aproximadamente 50% do orçamento anual do Brasil é destinado ao pagamento da dívida pública, o que limita recursos para investimentos em áreas importantes, como saúde, educação e infraestrutura. A dívida ainda é um mistério para muitos, sendo somente representada pelo seu percentual do PIB em nosso cotidiano, mas, onde de fato está sendo gasto? Como a controlamos? Se torna contraditório quando conseguimos medir para qual escola vai uma merenda escolar, mas não para onde vai, de forma clara, 50% do orçamento da União.

Uma questão frequentemente debatida é a forma tradicional de analisar a dívida pública, que é feita comparando-a com o PIB. No entanto, esse método nem sempre reflete a realidade fiscal imediata, especialmente os altos custos que o serviço da dívida impõe ao orçamento. Embora a relação dívida/PIB no Brasil pareça "normal" em comparação com outros países, a verdade é que o volume de recursos destinados ao pagamento de dívidas ultrapassa o de muitos países desenvolvidos, que conseguem investir mais em suas populações e em projetos de desenvolvimento.

Diante desse cenário, é importante adotar novas formas de avaliar o impacto da dívida pública. Um dos aspectos a ser considerado é o custo da oportunidade, ou seja, os investimentos perdidos em áreas essenciais devido ao direcionamento de grande parte do orçamento ao pagamento da dívida.

Celso Furtado, renomado economista, destacava que o problema não é a dívida em si, mas como ela foi contratada. Ou seja, a forma como o Brasil lida com sua dívida tem implicações diretas no seu desenvolvimento econômico e social.

Para enfrentar esses desafios, é necessário que o Brasil adote reformas fiscais que promovam a sustentabilidade a longo prazo. Entre as medidas que podem ser consideradas estão a reestruturação da dívida, a implementação de uma reforma orçamentária que torne os futuros empréstimos mais sustentáveis e a criação de novas métricas para avaliar o impacto econômico da dívida. Essas mudanças são fundamentais para que o Brasil possa reequilibrar seu orçamento e garantir que mais recursos sejam destinados a investimentos que realmente contribuam para o crescimento do País.

Em resumo, o Brasil precisa repensar sua estratégia fiscal e a forma como mede e entende sua dívida pública. Ao adotar uma abordagem mais ampla e focada na sustentabilidade a longo prazo, o País poderá construir um futuro mais próspero e equitativo.

 

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