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Emanuel Santos: Fortaleza não foi rebelde como sempre
Opinião

Emanuel Santos: Fortaleza não foi rebelde como sempre

O cenário da disputa em Fortaleza apenas confirma a polarização que toma conta do país e que também chegou por aqui que, até então, se mostrava "independente" com o PDT no governo desde as eleições de 2012
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Emanuel Santos

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Fortaleza não foi rebelde. Essa é a constatação após o resultado do primeiro turno das eleições municipais em 2024. O cenário apenas confirmou a polarização que toma conta do país e que também chegou por aqui que, até então, se mostrava "independente" com o PDT no governo desde as eleições de 2012.

O pleito deste ano apresentou quatro cenários possíveis. O primeiro com o prefeito José Sarto mostrando os feitos da sua gestão, mas que não convenceu o eleitorado. O segundo era o do Capitão Wagner que trazia por si um discurso individualista do "chegou a hora do Wagner", que também não foi captado pela população. O terceiro foi do "Fortaleza quatro vezes mais forte" de Evandro Leitão que incorporou Lula, Elmano e Camilo e que persuadiu quase 35% dos votos válidos. Por fim, o discurso da mudança radical promovido por André Fernandes, espelhando a tática de 2018 do seu mentor político Jair Bolsonaro, que convenceu cerca de 40% do eleitorado fortalezense.

No final do primeiro turno, a rebelde Fortaleza, que já viu feitos históricos de Maria Luíza Fontenele (1985) e Luizianne Lins (2004), sucumbiu à polarização nacionalizada entre PT e PL.

Aliás vale fazer um recorte para mostrar que essa divisão nacional não é recente, a ver as grandes disputas entre PSDB e PT nas décadas de 1990 e 2000. Tempos em que, quase sempre, foi possível observar discursos mais propositivos, menos ácidos e com personagens interessantes como Enéas Carneiro que, por vezes, elevou os debates.

Nos tempos atuais, principalmente com o avanço das redes sociais, a política vem recebendo uma carga de dinamicidade que proporciona o surgimento de personagens histriônicos e que pouco contribuíram para o debate, como o Cabo Daciolo, com o "glória a Deus", o padre Kelmon que entrava em cena simplesmente para desestabilizar, mais recente o Pablo Marçal que por pouco não chegou ao segundo turno em São Paulo e sem esquecer do "morde aqui para ver se sai leite" do candidato à Prefeitura de Fortaleza, George Lima.

Que Fortaleza sucumbiu à polarização é fato e resta agora esperar pouco menos de 20 dias para saber de qual lado os alencarinos desejam estar do lado do Partido dos Trabalhadores de Evandro Leitão ou do lado do Partido Liberal de André Fernandes.

 

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