Entre as marcas das eleições municipais, o declínio moral do homem público merece ser acompanhado. Em Fortaleza, o candidato mais votado no primeiro turno, após ter a sua conduta pública questionada em relação à forma com que buscou acumular popularidade e dinheiro, - divulgando nas mídias sociais conteúdos desaprovados, inclusive, pela pauta conservadora dos bons costumes e da cristandade que ele defende, ao ponto de dar margem para ser chamado de candidato por apelidos jocosos e obscenos- simulou como resposta que tais fatos se trataram de atitude de adolescente.
A resposta do candidato foi mentirosa, já que foram praticados por um homem maior de idade. Além do mais, se contradiz à sua própria matize ideológica fascista, o bolsonarismo, que defende que uma pessoa, ao atingir os quatorze (14) anos de idade, já é adulta e madura o suficiente para responder judicialmente por todos os seus atos ilegais cometidos, que é crítica do ECA e acredita que quem defende diretos humanos, defende bandidos.
A campanha foi marcada pela ausência de propostas estruturais e estruturantes para uma cidade voltada para o bem-estar das pessoas do seu nascimento à morte. Ela foi conduzida por técnicas de manufaturamento da vontade do eleitor e por dispositivos de conquista do poder por todos os meios, o que implicou no descuido dos preceitos éticos. Todos os candidatos se declararam democratas e comprometidos com a cidade e seu povo, mas nenhum apresentou propostas para que a população passasse a ter mecanismos de controle sobre os destinos da cidade e dos seus representantes, nem para a distribuição de riqueza e renda, numa cidade que a imoral concentração de renda faz de Fortaleza a capital do Nordeste com o maior número de bilionários - dinheiro acumulado com o empobrecimento da população, degradação ambiental e de benefícios estatais.
Todavia, a irresponsabilidade dos candidatos aflorou de forma clara no segundo turno. A dupla que disputou a reeleição infantilizando a campanha lavou as mãos para o destino da cidade; o padrinho dela, por sua vez, declarou apoio ao candidato fascista. O Capitão, que sempre se comporta como tonto nas campanhas- coerente com sua visão de mundo - também declarou apoio ao fascista. O que nos resta? Evandro Leitão. Os que o impuseram como candidato do PT são políticos profissionais carreiristas, disputam o poder pelo poder; o poder é o sentido que move suas vidas. Evandro não é o candidato da vontade geral de nossa cidade, mas é o que nos resta, como eleitores com horizonte humanitário de longo prazo, para impedir que o fascismo se aproprie do poder municipal. Evandro Leitão, nesse momento, é o que nos resta.