Tempos conturbados têm confundido a noção de cidadania e dificultado pessoas a fazerem escolhas, muitas vezes sobre o que não se deve deixar em segundo plano, como os interesses da grande maioria da população que necessita de políticas públicas eficazes e de uma institucionalidade que assegure o acesso equânime aos benefícios gerados pela coletividade.
A cultura das notícias falsas como armas políticas gera emaranhados de percepções que perturbam a visão geral do bem comum. Nesse cenário, a insensibilidade de muitos dos mais aquinhoados põe em risco a estrutura democrática, como se fosse uma opção deixar de lado o discernimento na escolha dos nossos dirigentes públicos.
Às vezes parece que os quatro anos de um mandato é pouco tempo e que uma experiência caótica logo passa, mas para a maioria dos desassistidos, dos que sabem o que é enfrentar cotidianamente toda sorte de restrições e dificuldades, é um período insuportável. O alheamento dos privilegiados que viram as costas para essa aventura desumana é um desserviço à busca de viabilização de vida digna para todos.
A priorização do coletivo e o foco nas questões urbanas vitais formam a base para a emancipação dos que vivem à margem da sociedade. Essa é a tarefa mais urgente e mais importante para a gestão de uma cidade que é uma das mais ricas do Nordeste, mas também uma das mais desiguais. Não é razoável imaginar que dá para fazer esse trabalho duro regendo cliques nas plataformas digitais.
A democracia é uma conquista inegociável. Não vejo sentido no fortalecimento de candidato com caminho comprometido com o totalitarismo. O negacionismo da ciência, das artes e da cultura, com impactos negativos na educação, na saúde, na mobilidade e no direito à moradia humanizada tem sido o maior fomentador de desavenças e antagonismos até mesmo entre pessoas que desejam uma sociedade mais justa.
Somente pelo processo democrático é possível a construção de relações de diálogo e a descoberta dos benefícios da força transformadora das convergências entre diferentes. Os preconceitos são enfraquecidos quando aceitamos a interação social como forma civilizada de mudarmos as premissas negativas da minoria privilegiada com relação à grande maioria desconsiderada.
Pensando em tudo isso, no próximo dia 27, votarei em Fortaleza pela democracia. n